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LUÍS NASSIF
O caso Mainardi
Em relação à coluna de
Diogo Mainardi na "Veja":
1) A Agência Dinheiro Vivo é
minha e existe há 17 anos. Tem
newsletter, site, um caderno de
finanças pessoais com cerca de
100 mil exemplares, serviço em
tempo real, programa de televisão, além de promover seminários sobre temas brasileiros e
editar newsletters para terceiros.
2) Suas fontes de receita são
assinaturas, publicidade e patrocínios. Todos os contratos são
públicos, com menção ao patrocinador. Neste ano, a DV foi incluída pela DPZ no plano de mídia do BNDES, ao lado de dezenas de veículos de todos os tamanhos e de todas as partes do
país -jornais, revistas, sites, rádio e TV, que têm como foco o
cliente empresarial. Foi apenas
um mês de patrocínio.
3) Nos últimos três anos, não
escrevi uma coluna sequer sobre
o anunciante do site, que, segundo Mainardi, teria merecido um panegírico de minha
parte. É só conferir o arquivo da
Folha que está disponível na internet.
4) Acusa-me de ter copiado
um texto da internet, de Luiz
Demarco -inimigo de Dantas
e que o está processando, entre
outras coisas, por apropriação
de e-mails-, pelo fato de ter incorrido no mesmo erro de grafia do nome de um executivo da
Portugal Telecom. Assim como
jornalistas da Folha, da "Veja",
do "Globo", da "Carta Capital",
recebo periodicamente e-mails
de Demarco. Nessa coluna, em
especial, utilizei informações
enviadas por ele, mas por meio
de um e-mail pessoal, não de
uma lista. As informações foram checadas por mim em entrevista com o próprio executivo
da Portugal Telecom, não foram rebatidas pelo Opportunity, e a coluna saiu na frente
com elas. Se Mainardi tem o e-mail pessoal, seria interessante
sua fonte revelar como o obteve.
5) Além de não ser verdade,
também não tem lógica o argumento de que defendi o investimento da Telemar na empresa
do filho de Lula e critiquei o Opportunity pelo fato de o BNDES
ser sócio da Telemar, que é "adversária de Dantas". O BNDES
não participa do bloco de controle e não tem nenhuma ingerência nas decisões de investimento da Telemar. Pelo contrário, o Opportunity é sócio no capital e em muitos negócios da
Telemar, alguns profundamente nebulosos.
6) Mainardi é um dos inúmeros personagens parajornalísticos que existem na mídia. Não
são jornalistas, não se assumem
como tal, seu papel é provocar e
divertir. Em quase todas as publicações, há limites a serem
obedecidos pelos showmen, de
deixar clara a galhofa, de não
enveredar pelo caminho da injúria e da difamação. Os riscos
de ultrapassar esses limites não
são apenas para as vítimas, mas
para as próprias publicações.
Daí a necessidade de filtros que
impeçam as extrapolações.
7) Explico na prática. Há duas
semanas chamei a atenção da
CPI para o fato de que a maior
parte do dinheiro das agências
de Marcos Valério (e de Duda
Mendonça) provinha de contratos de publicidade com empresas de Daniel Dantas. O banqueiro manifestou sua irritação, inclusive em cartas à Folha.
Na mesma edição em que Mainardi me ataca e também procura vitimizar Dantas, há duas
notas no "Radar" que atacam
os fundos de pensão pelos gastos
com advogados (contratados
para defendê-los de Daniel
Dantas) e um encarte publicitário de seis páginas da Telemig
Celular e da Amazônia Celular
-que chama a atenção pelo fato de empresas de atuação regional gastarem pesadamente
em uma publicação de circulação nacional, ambas serem controladas por Daniel Dantas e a
veiculação ter sido exclusiva na
"Veja".
8) O que me impede de estabelecer uma correlação entre os
três eventos e supor que estou
sendo vítima de uma armação
para tentar anular críticas que
venho fazendo ao Opportunity?
Apenas uma coisa: o de trabalhar dentro de princípios jornalísticos, cujo fim Mainardi decreta em sua última crônica. E
esses princípios me indicam que
o episódio em questão parece
muito mais um caso de falta de
gestão editorial da revista sobre
seus colaboradores do que uma
armação.
Site
O site da Dinheiro Vivo ficou
fora do ar ontem devido à ação
de hackers, em razão da coluna
de Mainardi.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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