São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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LUÍS NASSIF

O caso Mainardi

Em relação à coluna de Diogo Mainardi na "Veja":
1) A Agência Dinheiro Vivo é minha e existe há 17 anos. Tem newsletter, site, um caderno de finanças pessoais com cerca de 100 mil exemplares, serviço em tempo real, programa de televisão, além de promover seminários sobre temas brasileiros e editar newsletters para terceiros.
2) Suas fontes de receita são assinaturas, publicidade e patrocínios. Todos os contratos são públicos, com menção ao patrocinador. Neste ano, a DV foi incluída pela DPZ no plano de mídia do BNDES, ao lado de dezenas de veículos de todos os tamanhos e de todas as partes do país -jornais, revistas, sites, rádio e TV, que têm como foco o cliente empresarial. Foi apenas um mês de patrocínio.
3) Nos últimos três anos, não escrevi uma coluna sequer sobre o anunciante do site, que, segundo Mainardi, teria merecido um panegírico de minha parte. É só conferir o arquivo da Folha que está disponível na internet.
4) Acusa-me de ter copiado um texto da internet, de Luiz Demarco -inimigo de Dantas e que o está processando, entre outras coisas, por apropriação de e-mails-, pelo fato de ter incorrido no mesmo erro de grafia do nome de um executivo da Portugal Telecom. Assim como jornalistas da Folha, da "Veja", do "Globo", da "Carta Capital", recebo periodicamente e-mails de Demarco. Nessa coluna, em especial, utilizei informações enviadas por ele, mas por meio de um e-mail pessoal, não de uma lista. As informações foram checadas por mim em entrevista com o próprio executivo da Portugal Telecom, não foram rebatidas pelo Opportunity, e a coluna saiu na frente com elas. Se Mainardi tem o e-mail pessoal, seria interessante sua fonte revelar como o obteve.
5) Além de não ser verdade, também não tem lógica o argumento de que defendi o investimento da Telemar na empresa do filho de Lula e critiquei o Opportunity pelo fato de o BNDES ser sócio da Telemar, que é "adversária de Dantas". O BNDES não participa do bloco de controle e não tem nenhuma ingerência nas decisões de investimento da Telemar. Pelo contrário, o Opportunity é sócio no capital e em muitos negócios da Telemar, alguns profundamente nebulosos.
6) Mainardi é um dos inúmeros personagens parajornalísticos que existem na mídia. Não são jornalistas, não se assumem como tal, seu papel é provocar e divertir. Em quase todas as publicações, há limites a serem obedecidos pelos showmen, de deixar clara a galhofa, de não enveredar pelo caminho da injúria e da difamação. Os riscos de ultrapassar esses limites não são apenas para as vítimas, mas para as próprias publicações. Daí a necessidade de filtros que impeçam as extrapolações.
7) Explico na prática. Há duas semanas chamei a atenção da CPI para o fato de que a maior parte do dinheiro das agências de Marcos Valério (e de Duda Mendonça) provinha de contratos de publicidade com empresas de Daniel Dantas. O banqueiro manifestou sua irritação, inclusive em cartas à Folha. Na mesma edição em que Mainardi me ataca e também procura vitimizar Dantas, há duas notas no "Radar" que atacam os fundos de pensão pelos gastos com advogados (contratados para defendê-los de Daniel Dantas) e um encarte publicitário de seis páginas da Telemig Celular e da Amazônia Celular -que chama a atenção pelo fato de empresas de atuação regional gastarem pesadamente em uma publicação de circulação nacional, ambas serem controladas por Daniel Dantas e a veiculação ter sido exclusiva na "Veja".
8) O que me impede de estabelecer uma correlação entre os três eventos e supor que estou sendo vítima de uma armação para tentar anular críticas que venho fazendo ao Opportunity? Apenas uma coisa: o de trabalhar dentro de princípios jornalísticos, cujo fim Mainardi decreta em sua última crônica. E esses princípios me indicam que o episódio em questão parece muito mais um caso de falta de gestão editorial da revista sobre seus colaboradores do que uma armação.

Site
O site da Dinheiro Vivo ficou fora do ar ontem devido à ação de hackers, em razão da coluna de Mainardi.

E-mail - Luisnassif@uol.com.br


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