São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Crise pode durar mais, dizem economistas

Apesar da piora dos mercados financeiros aqui e lá fora nesses últimos dois dias, os analistas ainda não vêem sinais de a crise se expandir para a economia real. Da mesma forma que o mercado pode ter exagerado nas altas que precederam esse atual período de turbulência, agora pode estar ocorrendo algum excesso nesse movimento de correção.
As incertezas ainda são muito grandes e a sensação geral é que a crise pode ser maior e mais duradoura do que se supunha há pouco tempo.
"A crise pode ser maior do que se imaginava antes", diz Fábio Barbosa, presidente da Febraban e do ABN Amro Real. "O mercado está tendo mais dificuldades para digerir as perdas no "subprime"."
Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e atualmente economista do ABM Amro, a turbulência deve certamente provocar algum impacto na economia real, mas ele acha que será pequeno.
"Não me parece que essa turbulência irá afetar muito o crescimento da economia mundial", diz.
Schwartsman acha que, apesar do exagero que pode ocorrer hoje nesse movimento de correção de preços, a crise deve ficar limitada aos mercados financeiros. A repercussão sobre a atividade econômica deve ser modesta.
Diante dessa perspectiva favorável, Schwartsman acha que dificilmente o Fed (o banco central americano) irá baixar os juros em setembro, apesar da pressão das instituições financeiras. Depois do socorro dado pelos bancos centrais na semana passada, o mercado passou a apostar na hipótese de queda de juros.
O Fed, no entanto, não parece disposto a ceder ao mercado, e, para Schwartsman, também não há necessidade. O economista acha que essa atual fase de turbulência ainda pode demorar mais uns três meses, mas, mesmo assim, ele não acredita na possibilidade de contágio.

Iguatemi tem lucro triplicado

O grupo Iguatemi teve seu lucro líquido triplicado, no segundo trimestre deste ano, atingindo a marca de R$ 17,5 milhões. O Ebitda -que reflete a geração de caixa da empresa- chegou a R$ 22,35 milhões no período, um aumento de 79%.
Os resultados vêm seis meses após o grupo abrir seu capital na Bovespa e, de acordo com Pedro Jereissati, vice-presidente de finanças do grupo, foram motivados por um "crescimento orgânico" e "principalmente pelas aquisições implementadas nos últimos meses".
No período, foram fechados quatro novos negócios, em Campinas, Sorocaba, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Segundo Jereissati, para manter aquecida a agenda de crescimento do grupo, a idéia é continuar com o plano de aquisições e de novos desenvolvimentos com bom fundamento.
O foco está nas regiões Sul e Sudeste e em Brasília. "São mercados onde há maior potencial de consumo para shoppings", afirma.
Na programação, já estão confirmados ao menos três novos empreendimentos: o Condomínio Torre São Paulo, que a W/Torre está construindo, em que terá um shopping center na Marginal Pinheiros, e o Iguatemi Alphaville, um misto de shopping e torre de escritórios, em São Paulo, e em Brasília, um novo shopping com a marca Iguatemi no Lago Norte.
Todos os empreendimentos devem ser inaugurados entre o fim de 2009 e o começo de 2010 e são voltados para as classes média e alta.

DANÇA DAS CADEIRAS
A loja brasileira da fabricante de móveis italiana Kartell traz ao Brasil, no fim do mês, a exposição "Mademoiselle à la Mode!", que mostra a releitura de estilistas sobre a poltrona do designer Phillipe Starck. O evento já passou por Paris, Milão e Nova York e segue para Hong Kong e Atenas, em outubro. A etapa brasileira agregará a versão de Amir Slama, da Rosa Chá, que segue com o evento itinerante. A exposição mostra criações de oito grifes internacionais sobre a cadeira Mademoiselle, como Dolce&Gabbana, Valentino, Ermenegildo Zegna e Moschino.

ACELERADO
Com a expansão das atividades de construção, o ritmo de contratações na indústria de materiais também segue acelerado. O número de empregados do setor cresceu 4,4% no primeiro semestre e chegou a 625 mil em junho, de acordo com o novo Índice de Emprego, desenvolvido em parceria pela Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) e pela FGV Projetos.

SOBREVIVENTES
Os investimentos das micro e pequenas empresas estão aumentando, de acordo com o Sebrae. Uma pesquisa da entidade com o tema Taxa de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas mostra que os valores em investimento fixo por empresa saltaram dos R$ 46 mil em média, em 2003, para R$ 61 mil, em 2005. Na pesquisa referente ao triênio anterior, entre os anos 2000 e 2002, o patamar ficava na casa dos R$ 30 mil. Já os valores em capital de giro entre as ativas também aumentou, de R$ 19,3 mil para a marca dos R$ 25,7 mil. Os dados completos do estudo serão divulgados na próxima segunda-feira pela entidade.

CULTURAL
Gilberto Gil (Cultura) e o economista Paulo Rabello de Castro fazem palestra hoje na Bovespa sobre as oportunidades do mercado de convergência tecnológica e das industrias criativas. Até 2010, o setor de indústrias criativas deve atingir U$ 1,8 trilhão, com previsão de crescimento de 6,6% ao ano. No Brasil, o mercado está na casa dos U$ 15 bilhões, registrados em 2005, e deve atingir U$ 22 bilhões em 2010, com taxa de crescimento anual estimada em 8,4%. O Brasil tem potencial de crescimento porque tem características como um mercado interno expressivo e legislação como as Leis de Incentivo à Produção de Conteúdo Audiovisual.

ELE É CARIOCA
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, é o convidado do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) para o próximo almoço-debate, no próximo dia 20, no Hotel Renaissance, em São Paulo. Em discussão, entre outros temas, o crescimento econômico do Estado.

CHOCOLATE
A Nestlé acaba de lançar nova versão do chocolate Alpino, uma seqüência de três bombons no mesmo tablete de 35 gramas. O lançamento é o segundo da marca em 2007 e será comercializado em todo o país. A Nestlé espera aumentar em 30% o volume de vendas da marca.

CORRIDA AMBIENTAL
A China tem hoje cerca de 20 mil empresas certificadas pela norma 14001, que assegura a responsabilidade ambiental das empresas -alta de 66% ante 2005. O Japão, líder na certificação, tem 30 mil. O Brasil, com 3.500 certificadas, é o primeiro na AL. Para o professor da UFRJ Haroldo Lemos, a diferença é que na China certificação ambiental é hoje questão de Estado.

OTIMISMO
Os empresários da indústria do cobre estão otimistas. Em recente consulta do Sindicel e da ABC, entidades que representam o setor, mais da metade aposta em crescimento de no mínimo 10% no terceiro trimestre deste ano. Quase 20% deles acham que as vendas terão um desempenho digno de Tigre Asiático. Ninguém aposta em retração.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

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