São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Setor de crédito de imóveis dita pessimismo

DA REDAÇÃO

Apesar de os dados recentes sobre a economia americana mostrarem melhora no cenário, o pessimismo em relação ao mercado de crédito imobiliário continua a ser a principal preocupação dos investidores.
É que a Countrywide Financial, a maior empresa de financiamento imobiliário dos EUA, voltou a estar no centro das atenções. Um analista do banco Merryll Lynch rebaixou a posição das ações da companhia de "compra" para "venda".
"Caso pressão financeira suficiente seja colocada sobre a Countrywide, ou se o mercado perder a confiança na sua condição de funcionar adequadamente, então o modelo pode quebrar, levando a uma insolvência", escreveu o analista Kenneth Bruce. "Se as liquidações acontecerem em um momento de mercado fraco, então é possível que a Countrywide vá à falência."
As ações da financiadora caíram 12,96% ontem e cerca de 50% apenas neste ano. O anúncio da empresa, no dia 24 de julho, de que seu lucro no segundo trimestre sofrera queda de 33% foi considerado o estopim da atual instabilidade das Bolsas.
Já o fundo de "private equity" (capital privado) KKR, um dos maiores do mundo, disse que sua afiliada KKR Financial Holdings, que é um fundo de investimentos do setor imobiliário, vai perder US$ 40 milhões com hipotecas e que o prejuízo pode chegar a US$ 290 milhões. As ações da afiliada tiveram queda de 31,15% ontem e geraram especulações se o fundo de "private equity" continuará com seus planos de realizar um IPO (oferta inicial de ações).
Pesquisas divulgadas ontem mostram que os problemas no setor imobiliário devem continuar. A confiança dos construtores no mercado de casas novas caiu ao menor nível em 16 anos (época da Guerra do Golfo). Os preços das casas caíram pelo quarto trimestre seguido.
Os dados de inflação ao consumidor e da produção industrial dos EUA em julho mostram que a economia deve continuar com seu ritmo moderado. A inflação ficou em 0,1%, e seu núcleo, que exclui preços voláteis, foi de 0,2%, ambos dentro do previsto por analistas. A produção industrial subiu 0,3%.
Segundo alguns analistas, esses números não foram tão bem-vistos por parte de Wall Street. É que inflação sob controle e crescimento moderado é o cenário atualmente desejado pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), o que torna menos provável um corte de juros, como querem alguns investidores. A taxa está em 5,25% ao ano.
"Se você disser que nós reduzimos a taxa de juros porque o mercado financeiro está descontente, as pessoas irão dizer que Ben Bernanke [presidente do Federal Reserve] está cedendo para Wall Street", afirmou ao "New York Times" Jan Hatzius, economista do Goldman Sachs. "E claramente não é essa a percepção que eles querem passar."
Porém há economistas que acreditam que a turbulência nas Bolsas fará com que o Fed faça o primeiro corte nos juros em mais de um ano, na reunião de 18 de setembro.
"Com os mercados financeiros em desordem e os problemas com crédito, o Fed não terá muita opção a não ser relaxar sua política", disse Mark Zandi, da Moody's.


Com agências internacionais

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