São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Decisão sobre juros sai na 4ª; indicadores americanos e ameaça de guerra deixam investidor cauteloso

De olho nos EUA, Bovespa espera Copom

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado teria tudo para operar seguindo mais o cenário norte-americano do que o doméstico nesta semana. Mas o fronte interno pode fazer a Bovespa descolar dos Estados Unidos se os resultados de novas pesquisas eleitorais e a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) surpreenderem investidores.
Uma parcela de analistas está relutante em estimar qual será a decisão do Copom relativa à taxa básica de juros da economia na reunião marcada para amanhã e quarta-feira.
Entre os que defendem a redução dos juros nessa reunião, o argumento mais ouvido é que a diminuição da volatilidade do câmbio e do risco-país justificariam o corte de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 ponto percentual da Selic.
O abrandamento da inflação e do nível de atividade também reforçaria a defesa da queda dos juros. Em agosto passado, o Copom manteve a Selic em 18%, mas adotou o viés de baixa, instrumento que permite ao presidente do Banco Central cortar os juros antes da reunião seguinte.
O mercado espera a divulgação de novas pesquisas eleitorais para os próximos dias. O Datafolha divulga uma nova sondagem de intenção de votos no domingo.
"Parte do mercado tem o temor, a meu ver infundado, de que o PT ganhe no primeiro turno", diz Jorge Simino, diretor da Unibanco Asset Management.

Estados Unidos
A possibilidade de guerra contra o Iraque e de novos indicadores econômicos norte-americanos saírem tão ou mais fracos do que os que vêm sendo divulgados torna investidores ainda mais cautelosos.
Para piorar, cresce a preocupação com a nova temporada de anúncios de lucros de empresas norte-americanas.
Na sexta-feira passada, o anúncio de que a Honeywell, empresa do setor aeroespacial, espera redução de lucros para o terceiro trimestre e para o ano de 2002 pressionou o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York) e foi considerado por alguns analistas um mau presságio.
A empresa alegou que a recuperação econômica por ela esperada não ocorreu.
A Lucent, do setor de telecomunicações, também avisou que deve ter prejuízo, mas no quarto trimestre. O resultado deverá ficar mais de 25% abaixo do registrado no trimestre anterior.

Índices
A agenda de indicadores econômicos norte-americanos está carregada nesta semana.
Amanhã, sai o de produção industrial, que deve crescer 0,2%, segundo estimativas do mercado.
Na quarta-feira será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto. O consenso de mercado é de alta de 0,2%, ligeiramente acima do que veio nos dois meses anteriores. Inflação, entretanto, não é problema nos EUA.
A expectativa para a balança comercial de julho, que também sai na quarta-feira, é de US$ 37 bilhões negativos.
O número de unidades residenciais que começaram a ser construídas em agosto nos EUA será conhecido na quinta-feira e é estimado em 1,3%, segundo analistas.
Na sexta-feira, sai a declaração do orçamento do Tesouro do mês de agosto. A previsão do mercado é de US$ 49 bilhões negativos.

Inflação no Brasil
Três índices de inflação serão divulgados nesta semana.
Na quarta-feira, saem o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) relativo à segunda quadrissemana de setembro e a segunda prévia do mês do IGP-M (Índice Geral de Preços). Na quinta-feira, será a vez do IGP-10 de setembro.


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