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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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TRABALHO

Na unidade do ABC, montadora oferece 15 salários mais 40% da remuneração mensal por ano trabalhado

Volks oferece pacote para demitir 3.933

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen vai abrir um programa de demissões voluntárias nas fábricas de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e de Taubaté (130 km de São Paulo) na tentativa de atrair parte dos 3.933 funcionários excedentes nessas duas unidades.
A montadora também mantém a decisão de transferir esses empregados a partir de 1º de outubro como parte da reestruturação que planeja fazer no Brasil.
No ABC paulista, a empresa oferece pacote que inclui 15 salários mais 40% da remuneração mensal por ano trabalhado -maior incentivo já pago em um voluntariado por uma empresa da região.
O programa será oferecido a todos os empregados horistas indiretos (não trabalham diretamente na produção) e aos mensalistas (áreas administrativas) dessa unidade a partir de 1º de outubro até dezembro deste ano. A cada adesão, o número de excedentes diminui na mesma proporção.
Em Taubaté, o benefício equivale a uma bolsa de estudos durante 12 meses no valor de 80% do salário líquido (limitado a R$ 1.112), além de 40% da remuneração por ano trabalhado. Nessa unidade, o voluntariado será aberto para os funcionários da produção a partir de novembro deste ano e vai até janeiro de 2004 -um mês antes de acabar o acordo que garante estabilidade aos empregados.
Após oito horas de reunião na última sexta-feira, a montadora informou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que a transferência dos excedentes, prevista para 1º deste mês e adiada após a montadora abrir negociação com os sindicalistas, começa de fato em 1º de outubro.
Pela proposta da Volks, os 1.923 excedentes do ABC e os 2.010 de Taubaté serão treinados e farão cursos em dois centros de formação e estudos que serão abertos nas fábricas dessas duas regiões. Como os funcionários têm acordos de estabilidade em vigor, os transferidos podem ficar até fevereiro de 2004, no caso de Taubaté, ou até novembro de 2006, no caso do ABC, em treinamento.
Nesse período, podem ser realocados para o projeto Autovisão -na medida em que surgirem novos empregos nessa nova unidade de negócios para aqueles que foram transferidos.
"Se a Volks acredita que o Autovisão é um bom negócio, por que não aceitou renovar os acordos de estabilidade até 2009 e negociar as transferências de forma voluntária? O sindicato é contra essa proposta. A empresa pode dizer que vai respeitar a estabilidade, mas a proposta discrimina os trabalhadores, marcando quem é ou não excedente na fábrica", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo. Na quarta-feira, os trabalhadores devem votar se aceitam a proposta da montadora.
Como o salário médio no ABC é de R$ 1.900 e os trabalhadores têm 14 anos de tempo de serviço, o empregado que aderir ao pacote receberia cerca de R$ 39 mil, além de suas verbas rescisórias. Se não aderir ao programa, pode continuar fazendo cursos até 2006 e receber, até lá, cerca de R$ 75 mil.
Segundo sindicalistas, a empresa retirou parte das ferramentas da linha de produção do Fox, novo carro da montadora, e esvaziou parte do pátio da fábrica do ABC no final de semana por temer uma reação do sindicato à proposta.
A Volks informou que a retirada estava prevista no seu cronograma, e que o equipamento do Fox pertence à fabrica de Curitiba (PR), onde será produzido.


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