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Fiscalização concentra mercado de postos
BR, Ipiranga, Shell e Esso passam a ocupar espaço dos estabelecimentos sem bandeira após cerco ao comércio ilegal de combustíveis
Expansão dos postos sem
bandeira chegou ao limite,
avalia a ANP; companhias
tradicionais começam a
ocupar espaços perdidos
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O cerco aos postos que sonegam tributos ou comercializam
combustíveis irregulares
-problemas encontrados com
maior freqüência nos postos
sem bandeira- vai resultar no
aumento do mercado das distribuidoras tradicionais, como
BR, Ipiranga, Shell e Esso.
Com a lei nš 8.478/99, que
abriu o mercado brasileiro de
combustíveis para novas distribuidoras e redes, os postos sem
bandeira (aqueles que não têm
contratos de exclusividade com
distribuidoras) vinham crescendo ano a ano e ocupando os
espaços de redes tradicionais.
Levantamento da ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
mostra que os também chamados postos "bandeira branca"
representavam, em julho deste
ano, 42,5% dos postos instalados no país -são cerca de 35
mil. Até 1999, somente meia
dúzia de distribuidoras e redes
abasteciam o mercado no país.
A ANP considera que a expansão dos postos sem bandeira chegou ao limite, para felicidade, principalmente, das companhias tradicionais, que já começam a ocupar espaços perdidos nos últimos sete anos.
Até o final do ano que vem, os
postos sem bandeira deverão
representar não mais de 25%
dos postos espalhados pelo
país, como resultado do combate à sonegação fiscal e à venda
de combustíveis irregulares,
segundo avaliação da ANP.
As sete distribuidoras reunidas no Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) -BR, Ipiranga, Shell,
Esso, Chevron (Texaco), Repsol e AleSat-, que detêm cerca
de 46% dos postos no Brasil,
são as que têm mais condições
para ocupar o espaço dos postos sem bandeira, segundo consultores ouvidos pela Folha.
As companhias menores, que
surgiram com a abertura do
mercado de combustíveis (são
270 distribuidoras no Brasil) e
detêm hoje cerca de 11% dos
postos no país, também terão
algum espaço para crescer, segundo estimativa da ANP.
"O número de postos não deve diminuir com as ações [da
ANP, da Fazenda paulista e da
prefeitura paulistana] para retirar do mercado os postos que
operam de forma ilegal. O que
percebemos é o início de um
processo de fortalecimento de
postos com bandeira. Uma distribuidora regional já nos informou que tem planos de
abrir mil postos com sua bandeira em três anos", diz Roberto Ardenghy, superintendente
de abastecimento da ANP.
A Ipiranga nota que o consumidor está mais preocupado
com a qualidade do combustível e, por isso, procura abastecer o carro em postos com bandeira. A distribuidora tem cerca de 4.200 postos espalhados
pelo país e espera terminar este ano com 4.300 postos.
"Esses cem postos a mais já
existiam e passarão a ter a nossa bandeira", diz Jerônimo
Santos, gerente da divisão de
desenvolvimento de marketing
da Ipiranga.
A Esso, que chegou a ter
3.300 postos no país no início
da década passada e hoje tem
cerca de 1.750 unidades, também sente o movimento para a
volta dos postos com bandeira.
"É um processo que se iniciou devido à pressão do consumidor, que volta a procurar
postos com tradição", diz Helvio Rebeschini, coordenador
para assuntos regulatórios e legais da Esso e diretor de Defesa
da Concorrência do Sindicom.
Com 6.600 postos no país,
sendo 1.600 no mercado paulista, a BR confirma que as
ações para combater as fraudes
favoreceram os postos com
bandeira. "Existe esse movimento, só que nós não deveremos elevar o número de postos,
pois estamos tirando da nossa
rede os estabelecimentos que
não operam de forma ética para trabalhar com aqueles que
têm comprovada idoneidade",
diz Reinaldo Belotti, diretor da
rede de postos da BR.
De janeiro a agosto deste
ano, 648 postos -com e sem
bandeiras- foram fechados no
país, sendo 255 no Estado de
São Paulo, segundo a ANP.
A Fazenda paulista já cassou
neste ano a inscrição estadual
de 152 postos, principalmente
pela venda de produto adulterado. A Prefeitura de São Paulo
informa que existem 1.449 postos interditados no município
por atuação de forma irregular.
Na avaliação do consultor
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, num primeiro momento, o
cerco aos postos deve resultar
no aumento dos com bandeira,
das distribuidoras tradicionais.
Numa segunda fase, pode haver redução no número de postos e aumento das margens de
lucro. "Existem postos demais
no país. A tendência é a concentração de mercado em algumas grandes distribuidoras, resultando em alta de preços."
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