São Paulo, quarta, 16 de setembro de 1998

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MÍDIA
"Journal" pede decisão de Clinton e do FMI
Jornal dos EUA cobra ajuda ao Brasil

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

"The Wall Street Journal", diário de maior circulação dos Estados Unidos e porta-voz oficioso da comunidade empresarial norte-americana, exigiu no primeiro editorial de sua edição de ontem que o presidente Bill Clinton e o Fundo Monetário Internacional digam como vão ajudar o Brasil a defender o real.
O editorial diz que a estabilidade da moeda brasileira é "vital" para impedir "o naufrágio de anos de progresso na América Latina".
Mas, diz o jornal, o governo Clinton não tem feito muito para auxiliar o Brasil.
Ao contrário, afirma, o Departamento do Tesouro permitiu que a sua responsável pelo escritório do Brasil publicasse uma carta no próprio diário, em que dizia que o real está "indiscutivelmente supervalorizado".
Embora o Tesouro tenha desautorizado a opinião de Britta Hillstrom e a retirado do escritório do Brasil, isso é pouco para o jornal norte-americano.
O "Journal" afirma que não adianta o FMI e o presidente Bill Clinton dizerem que estão prontos para ajudarem o real. É preciso dizer "hoje" como essa ajuda vai se dar.
O editorial condena a direção do Fundo: "qualquer instituição financeira" que tivesse os resultados apresentados pelo FMI neste ano fiscal, teria "exigido a demissão de seus dirigentes": U$ 141 bilhões foram usados nesse período para tirar quatro países de dificuldades e dois deles (Indonésia em Rússia) estão em destroços e os outros dois (Tailândia e Coréia do Sul) permanecem instáveis.

Destaque
O Brasil tem aparecido com destaque nos últimos cinco dias em vários jornais de prestígio dos Estados Unidos.
Ontem, estava na capa do "Los Angeles Times", sexta-feira na do "The Washington Post". No "Journal" e no "The New York Times", tem aparecido com frequência em altos de página.
Mesmo alguns jornais em que o país quase nunca aparece, como "USA Today", têm publicado grandes reportagens sobre a situação econômica brasileira e as grandes redes de TV, onde o Brasil só costumava aparecer quando o tema era ecologia, acompanha quase diariamente as oscilações da Bolsa de Valores de São Paulo.
O interesse pelo Brasil é sempre justificado com o argumento de que sua eventual débâcle econômica pode levar de roldão toda a América Latina e aproximar dramaticamente a crise econômica internacional do público norte-americano.



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