São Paulo, quarta, 16 de setembro de 1998

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Agência vê AL sem crédito

das agências internacionais

A restrição de financiamento externo imposta aos países emergentes deverá afetar sobretudo a América Latina, conclui a agência de classificação de risco Moody's.
Em relatório divulgado ontem, a agência alerta que a restrição deverá se prolongar, ao contrário do que aconteceu em 1995, depois da crise do México, quando o acesso ao mercado de capital ficou suspenso por apenas um curto período.
A Moody's prevê um cenário no qual o crédito internacional ficará escasso, as exportações não crescerão e existirá pouco apoio de organismos internacionais de financiamento.
Nessas circunstâncias, os países da América Latina encontrarão dificuldades crescentes para refinanciar o grande volume de dívidas, que vencem nos próximos anos.
A Moody's está preocupada, em particular, com o Brasil, com a Argentina e com o México -países que aumentaram substancialmente suas dívidas externas.
Nesse cenário de endividamento crescente, a diferença entre os juros americanos e o juros pagos pelos países emergentes subiu de 6% para 15%, segundo o J.P. Morgan.
Os analistas da Moody's também afirmam que a crise do México foi curta graças à surpreendente assistência financeira dos EUA e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Desta vez, contudo, o fato de a Rússia declarar moratória, de a Malásia ter imposto controle cambial e de existirem prognósticos negativos em relação à saúde das economias norte-americana e européia sugere que a restrição de crédito será longa, afirma a agência.
Para agravar a situação, conclui a Moody's, os grandes empréstimos oficiais em socorro às economias russa e asiática limitou a capacidade das instituições em oferecer apoio.
A crise, por sua vez, alerta a agência, deverá dificultar os ajustes necessários para as economias emergentes, restringindo ainda mais o crédito.
Dada essa restrição ao crédito, a Moody's conclui que os países latino-americanos estão cada vez mais propensos a adotar controles cambiais ou moratórias ou reestruturação de dívidas antes que suas reservas internacionais acabem.



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