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São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003

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CRÉDITO

Taxa medida pelo Procon de 161% ao ano ainda é alta, dizem analistas

Juro do cheque cai ao nível de 1995

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros médios do cheque especial em 11 bancos de São Paulo atingiram, em outubro, o menor patamar desde janeiro de 1995, quando o Procon-SP começou a pesquisar a taxa mensal praticada pelas principais instituições financeiras que atuam no Estado.
Mas os juros continuam em um patamar alto o bastante para desestimular uma expansão significativa do crédito, avaliam especialistas. Apesar da queda, a taxa do cheque especial no início de outubro ainda era de 8,34% ao mês, segundo a pesquisa do Procon-SP, o que representa taxa anual de 161,47%.
Isso significa que o cliente de um banco teria de pagar R$ 83,40 se deixasse sua conta negativa em R$ 1.000 durante um mês. No ano, o custo do mesmo endividamento seria de R$ 1.614,70.
Apesar de ser a menor taxa média desde 1995, os 8,34% de outubro estão apenas 0,16 ponto percentual abaixo da média de setembro, de 8,50%. Os juros de empréstimos pessoais caíram um pouco mais, 0,23 ponto percentual, para 5,50% neste mês. Na avaliação de Alberto Matias, da ABM Consulting, uma taxa razoável para o cheque especial no Brasil seria de 2% ao mês.
O Procon-SP orienta os consumidores a só usarem o cheque especial em último caso. "Quando se vê a lucratividade dos bancos, conclui-se que ainda há muita gordura a ser queimada nas taxas de juros", diz Vinícius Zwarg, diretor-executivo da entidade.
"A queda dos juros ainda é insuficiente para gerar expansão duradoura da demanda por crédito", avalia Luís Suzigan, da LCA Consultores. "A redução mostra que estamos na direção correta, mas as taxas são anormalmente elevadas para os padrões internacionais", destaca Matias.

"Spread"
Apesar da queda, a diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro no mercado e o que cobram para emprestá-lo a seus clientes por meio do cheque especial é próxima de 800%.
Chamado de "spread" bancário, esse índice é a distância entre a taxa básica de juros (Selic), de 20% ao ano, e a média anual dos juros do cheque especial, de 161%.
"As margens de lucro são altas porque a oferta de crédito é baixa", avalia Matias.


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