São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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TRABALHO

Para sindicalistas, corte só poderia ter sido feito após decisão da Justiça; instituições dizem que seguiram orientação da Fenaban

BB e CEF vão descontar salário de grevistas

Lula Marques/Folha Imagem
Clientes da Caixa Econômica Federal enfrentaram fila em agência de Brasília, um dia após a greve dos bancários ser encerrada no país


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal decidiram descontar parte dos dias parados durante a greve dos bancários do salário a ser pago no próximo dia 20. Os dois bancos irão descontar até cinco dias do salário de cada funcionário, o equivalente a um terço dos 15 dias de paralisação relativos ao mês passado -a greve durou 30 dias e foi suspensa ontem em todo o país.
A decisão final sobre o pagamento ou não dos dias parados só deve sair no próximo dia 21, quando o TST (Tribunal Superior do Trabalho) irá julgar a questão. Como os bancos oficiais pagam a seus funcionários no dia 20, decidiu-se promover parte dos descontos já neste mês.
Os bancários querem reajuste de 19% mais R$ 1.500 de abono salarial. Os bancos ofereceram reajuste de 8,5% a 12,77%.
Ontem, o Sindicato dos Bancários de Brasília protocolou pedido no TST para que a Justiça determine o pagamento integral dos salários relativos ao mês de setembro. Para o sindicato, um eventual desconto só deveria ser aplicado após o julgamento definitivo da questão.
BB e CEF informaram, por meio de suas assessorias, que a orientação para que o desconto fosse efetuado veio da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que coordena as negociações.
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT), Luiz Claudio Marcolino, criticou a decisão e considerou precipitado o desconto dos dias parados. "A greve não foi julgada abusiva nem pelo TRT [Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo] nem pelo TST."
Os sindicalistas enviaram ontem carta à Fenaban em que pediram a retomada das negociações porque a greve foi suspensa em todo o país.
A Folha apurou que representantes dos bancos devem se reunir no final de semana para estudar a reabertura das negociações. A idéia é buscar um acordo antes da decisão da Justiça.
A paralisação dos bancários foi suspensa nos 24 Estados que aderiram ao movimento, iniciado em 15 de setembro. Em Florianópolis, os bancários, que ainda estavam parados ontem, decidiram voltar ao trabalho a partir de segunda. No Acre, a assembléia e o retorno ao trabalho ocorreram ontem.

Sem transtornos
Os bancos informaram que não houve transtornos nas agências, mas que foi um dia movimentado -como se fosse após um feriado. Em São Paulo, não houve registros de problemas. No Rio de Janeiro, no entanto, os bancos públicos ficaram lotados e com filas enormes, segundo as instituições.
A orientação do Procon para os clientes com contas atrasadas é que procurem negociar diretamente com os credores uma solução -como a emissão de um novo boleto para pagamento de contas. Caso não consigam, eles podem contatar o órgão para tentar não pagar as multas cobradas.

Berzoini
O ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) afirmou que a suspensão da greve foi uma "decisão madura dos bancários". "Infelizmente, digo isso porque não era a vontade do governo, essa questão terminou no tribunal", afirmou.
Para ele, o longo período da paralisação já vinha trazendo "prejuízos a programas sociais importantes do governo e também para o cliente dos bancos". Berzoini espera que até o dia 21 haja uma solução para a questão.

Colaborou o "Agora"


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