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LUÍS NASSIF
Urna, segurança e patente
A propósito da coluna de
ontem, sobre a urna eletrônica, recebo e-mail de Carlos Rocha -criador do primeiro projeto de urna eletrônica do país-
em que confirma a fragilidade da
urna eletrônica adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
especialmente no ponto em que se
coloca a necessidade de sistemas
manuais paralelos, que permitam
a conferência dos votos.
Diz ele que, no modelo original,
concebido em 1996, essas preocupações estavam contempladas.
Na ocasião, a Unisys forneceu as
urnas para o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), em cima do projeto desenhado por Rocha. Posteriormente, Rocha apresentou propostas de aprimoramento da urna, de modo a permitir:
1) identificar o eleitor, em separado, e habilitar o seu voto, sem
possibilidade de violar o sigilo do
voto;
2) imprimir o voto, com código
de barras, permitindo verificação
pelo eleitor e a recontagem automática, sem a possibilidade de erro humano, pois os votos seriam
lidos por leitor ótico, sem intervenção do operador, na leitura da
informação;
3) imprimir o boletim de urna,
com os resultados finais de cada
seção eleitoral, com os resultados,
também, impressos em código de
barras 2D padrão, permitindo a
leitura ótica, para viabilizar a
apuração paralela, pelos partidos
e pela imprensa;
4) já em 98 as urnas passaram a
ter uma interface de comunicação serial, com o objetivo de ser
instaladas em pares, duas a duas.
Com as urnas ligadas aos pares,
uma controla a outra e seria necessário fraudar duas urnas, num
processo exponencialmente mais
complexo. Não haveria mais
atrasos por falhas nas urnas;
5) redução do volume de pessoas convocadas à metade, pois
um grupo de mesários pode administrar os eleitores de duas seções.
No entanto as implementações
não foram aceitas e acabou se
chegando a esse modelo, pouco
transparente, em que não é possível a auditoria nem para casos de
erros comuns em programações.
O caso das patentes
Rocha considera que foi esbulhado em seus direitos autorais,
ao não obter a patente sobre o sistema desenvolvido por ele.
Logo após desenvolver seu sistema, em 1996 entrou com um pedido de patente no Inpi (Instituto
Nacional de Propriedade Industrial). O pedido ainda não foi sequer examinado. Em 1999 o TSE
entrou com um pedido de patente, que, segundo Rocha, corre em
sigilo de Justiça, por força de um
decreto "estranho" de FHC.
Diz ele que a Procomp -que
forneceu as urnas em 98 e 2000-
produziu uma réplica de seu desenho industrial, também sem pagar direitos autorais. Conclui ele:
"No Brasil, só respeitamos as patentes farmacêuticas dos estrangeiros ou os direitos autorais do
software importado, mas não temos um sistema que permita protegermos o que criamos aqui.
Nessa confusão americana, o registro de nossa patente nos daria
uma ótima oportunidade de exportar conteúdo intelectual".
Suas queixas estão no endereço
www.ue2000.com.br.
Internet: www.dinheirovivo.com.br
E-mail - lnassif@uol.com.br
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