São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Mercado Aberto

@ - guilherme.barros@uol.com.br

Lula deve atacar incertezas para fazer o PIB crescer 5%

A desoneração de impostos para investimentos e a redução dos juros não serão suficientes para fazer o PIB crescer 5% neste ano, a meta definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu segundo mandato. No máximo, o país irá crescer entre 3,5% e 4%.
Para elevar a taxa de crescimento do PIB para 5%, o economista José Márcio Camargo, sócio da consultoria Tendências, diz que o governo deveria ter como prioridade eliminar as incertezas que ainda predominam sobre a economia. Só com o fim delas será possível aumentar os investimentos privados.
São muitas as incertezas que povoam a economia. Entre elas, Camargo cita, por exemplo, a falta de um marco regulatório para diversos setores, as dúvidas que ainda existem sobre a autonomia das agências regulatórias, a complicação tributária e a insegurança quanto aos investimentos em infra-estrutura.
Para o economista, são esses problemas que precisam ser atacados prioritariamente, e não a desoneração de impostos, cujo efeito sobre o investimento será muito pequeno. A queda de juros também não terá impacto tão grande sobre o PIB, como já se observou até agora. A Selic cai há mais de um ano e o PIB não reagiu como supunha o governo. O crescimento deste ano deve ficar entre 2,7% e 3%, segundo as previsões do mercado. A queda de juros só aumenta o consumo.
A tese de Camargo é a de que a taxa de investimento do setor privado já é muito alta. Se for excluída do PIB a carga tributária, que corresponde à parcela de 38%, o setor privado investe 30% dos 62% que sobram. O resto é apropriado pelo Estado. Se for considerado o PIB total, o setor privado investe 18,5% e o setor público, 2%.
Segundo ele, as incertezas na economia explicam também o fato de o investimento no Brasil ser mais alto do que em outros países. Enquanto no resto do mundo para cada 1% de crescimento são necessários 5% do PIB de investimento, aqui a relação é bem maior. O país precisa de 7% do PIB para cada ponto de crescimento. Ou seja, se a taxa de investimento, hoje em 20,5% do PIB, subir para 24%, o país crescerá apenas 3,5%, e não 5%, como quer Lula.
Só mesmo se o governo reduzir as incertezas, segundo o economista, o país terá ganhos de produtividade sobre os investimentos. Camargo também afirma que seria importante, para melhorar essa relação entre investimento e PIB, o governo encaminhar as reformas estruturais, principalmente a tributária e trabalhista, já que existem muitas resistências à reforma previdenciária

TOURNÉE ESPUMANTE

A espanhola Freixenet, que produz espumantes desde 1861, se prepara para lançar no Brasil, amanhã, o Tournée Freixenet Brut, produzido na Argentina. A idéia é dar ênfase no varejo nas festas de fim de ano. Para isso, a marca programou uma espécie de "tournée" gastronômica em restaurantes de São Paulo, com pratos desenvolvidos especialmente para o evento. O chef do espanhol Toro, por exemplo, colocará um prato de sua autoria durante uma semana no menu do restaurante Di Café Lounge. O mesmo ocorre entre o português A Bela Sintra e o Parigi, do grupo Fasano. Na semana seguinte, as trocas se invertem. Em 2005, a Freixenet vendeu 7,6 milhões de caixas de nove litros de espumante. Esse volume corresponde às vendas da empresa nos 120 mercados em que atua.

BOLA PARADA
Henrique Meirelles (Banco Central) embarcou ontem para a Austrália para a reunião do G20 sábado e domingo, em Melbourne. Ele também irá à reunião do BIS, na segunda, em Sidney. Ao responder ao comentário de que tinha se esquecido de Rogério Ceni, o goleiro artilheiro do São Paulo, quando se comparou ao goleiro de um time de futebol, Meirelles disse que o jogador só faz gol de bola parada. "De bola parada eu também faço gol", disse Meirelles.

ESTRANGEIRO
O banco Fator e a Terravista Empreendimentos acabam de acertar as bases para uma operação, inédita no Brasil, de antecipação de recebíveis externos para o segmento imobiliário. O banco antecipará os valores financiados das propriedades vendidas a estrangeiros à Terravista, que, com a linha de crédito, poderá antecipar seu fluxo de caixa. Hoje, 84% dos proprietários no condomínio Terravista Vilas moram no exterior, entre eles, italianos, espanhóis.

SACA-ROLHAS
Até o fim do ano, a Miolo conclui sua obra da vinícola na fazenda Fortaleza do Seival, em Candiota, na campanha gaúcha. A nova cantina irá vinificar a safra 2007. Na primeira fase, a estrutura terá capacidade produtiva de 2 milhões de litros. O projeto Fortaleza do Seival Vineyards, que prevê produção de 4 milhões de litros até 2012, terá investimento total de R$ 30 milhões. Até agora, foram investidos aproximadamente R$ 20 milhões.

NOVA SAFRA
A safra 2006 do Beaujolais Nouveau desembarca hoje no Brasil. A importadora Mistral oferece a safra, produzida por Joseph Drouhin. O vinho também pode ser encontrado em alguns restaurantes de São Paulo.

MARATONA
A Fila lança, neste mês, uma linha de confecções e acessórios, toda produzida no Brasil. A coleção recebeu investimento de US$ 1 milhão.

AUTOMAÇÃO
Os profissionais do setor de automação e sistemas industriais se reúnem entre os dias 21 e 23, em São Paulo, no Expo Center Norte, para o ISA (Instrumentation, Systems and Automation Society) Show South America 2006. A projeção do setor é de fechar o ano com um crescimento de 20% em relação ao ano passado, quando movimentou R$ 2,33 bilhões.

NO ATACADO
De acordo com um levantamento do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos do Estado de São Paulo, houve crescimento de 10% nas vendas da primeira quinzena de novembro em relação a igual período de outubro. Nos meses anteriores, na comparação entre outubro e setembro, o movimento nas vendas também foi positivo em igual percentual.


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