São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2000

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PETROQUÍMICA

Após fracasso, venda não tem data certa; Ultra ofereceu US$ 822 mi, mas preço mínimo era de US$ 1,05 bi

BC desiste de vender a Copene neste ano
Xando P./Folha Imagem
Vista geral da Companhia Petroquímica do Nordeste, no Pólo Petroquímico de Camaçari, na Bahia



NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Voltou à estaca zero o processo de venda das ações da Copene. Depois do fracasso do leilão realizado na madrugada de ontem -em que não houve lance que atingisse o preço mínimo estipulado-, o Banco Central desistiu de fechar o negócio neste ano.
O BC ainda não sabe se vai repetir o modelo usado ontem para a nova tentativa de vender as ações da empresa. De acordo com as regras da disputa, o preço mínimo estipulado pelos vendedores -Odebrecht, grupo Mariani e banco Econômico- foi mantido em sigilo.
Os participantes -o grupo Ultra e a argentina Perez Companc- apresentaram envelopes sem conhecer esse valor. Como nenhuma oferta atingiu o preço mínimo, os vendedores optaram por adiar o leilão.
O lance do Ultra foi de US$ 822 milhões, de acordo com Paulo Cunha, presidente do grupo. A Folha apurou que o preço mínimo era de US$ 1,05 bilhão.
O Banco Central está envolvido na operação porque o Econômico está sendo liquidado. Isso quer dizer que, para que o banco venda qualquer um de seus bens, é preciso que exista autorização do BC.
O Econômico deve cerca de R$ 10 bilhões ao BC, por conta dos recursos recebidos do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional).
Segundo Manoel Lopes de Sousa, procurador regional da União em Brasília, o banco receberia entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões com a venda das ações da Copene, caso o preço de venda praticado no leilão fosse próximo do preço mínimo.
O BC havia informado que, do total de recursos levantados pelo leilão, metade iria para o Econômico. Isso indica que o preço mínimo estaria mesmo próximo de R$ 1 bilhão.

Investigação
O BC informou ainda que está investigando indícios de que tenha havido desvio de recursos do Econômico para o exterior, mas que as investigações ainda não apresentaram resultados.
O presidente do BC, Armínio Fraga, havia dito no início da semana que o BC havia contratado advogados para rastrear contas que o dono de um dos bancos beneficiados pelo Proer mantém no exterior. Fraga não citou o nome de Ângelo Calmon de Sá, antigo dono do Econômico, mas deu a entender que as investigações já estão próximas do fim.
Durante bate-papo no site "Panorama Brasil", o diretor de Finanças Públicas do BC, Carlos Eduardo de Freitas, não quis comentar o impacto que a desistência da Dow Química teve sobre o leilão da Copene.
Até terça-feira, a Dow era apontada como uma das favoritas para levar as ações da petroquímica. A empresa anunciou sua retirada na quarta-feira, pouco depois de a Justiça Federal em Brasília conceder liminar suspendendo o leilão.
(Colaborou a Redação)


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