São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2000

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Calmon de Sá venceu o leilão, insinua Paulo Cunha, do Ultra

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S/A

O empresário Paulo Cunha, do grupo Ultra, disse à Folha que o leilão da Copene teve um vencedor. Ele não apontou o nome, mas deu todas as pistas de que se tratava de Ângelo Calmon de Sá, do Banco Econômico. "Só uma pessoa não queria o leilão".
Segundo Paulo Cunha, havia três tipos de interessados no leilão: os que queriam comprar, os que queriam vender e um que não queria vender.
Entre aqueles que queriam comprar, disse que o maior interessado era o seu grupo. Entre os que queriam vender, citou os grupos Mariani, Odebrecht e Suzano, além do Banco Central.
Cunha não falou qual era o grupo que não estava interessado na realização do leilão, mas o único que ficou de fora de sua lista, entre os envolvidos no leilão da Copene, foi o Banco Econômico, que está sob administração do Banco Central.
Logo depois do leilão, Paulo Cunha ficou revoltado com o resultado. Ele ofereceu R$ 822 milhões pelo controle da Copene, mas sua oferta foi insuficiente para cobrir o preço vinculado determinado para a central. "Ganhei, mas não levei", afirmou.
Segundo Paulo Cunha, seu preço foi determinado a partir de vários estudos feitos por diversas empresas de consultoria, entre elas o banco norte-americano Morgan Stanley Dean Witter. De acordo com Cunha, a maioria das avaliações indicava um valor entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões para a Copene. "O meu preço foi justo. "O tempo vai mostrar isso", afirmou.
Paulo Cunha não quer fazer previsões sobre o futuro, se seu interesse pela Copene continuará ou não, quando for marcado o próximo leilão. Ele primeiro quer ter certeza sobre o que vai ocorrer com o leilão, se vai ser mesmo remarcado ou não, para depois tomar uma decisão.
Se o Econômico foi o maior vencedor do leilão, o grande perdedor foi o Banco Central. De acordo com documento do próprio Banco Central obtido pela Folha, o BC perde R$ 1,5 bilhão ao ano com a liquidação extrajudicial do Econômico.
Esse valor corresponde a diferença entre o rendimento dos créditos concedidos pelo BC (Proer) para cobrir o rombo do Econômico e quanto o BC tem que reajustar os ativos que permaneceram no ex-banco de Calmon de Sá e que estão sob intervenção da autoridade monetária.
O total de créditos do BC ao Econômico é de R$ 10,7 bilhões e o ativo do Econômico está hoje em R$ 9,5 bilhões. Os créditos do BC rendem TR mais 3% ao ano e os ativos do Econômico rendem TR mais 16,5%. A diferença entre esses rendimentos é quanto o BC perde com o Econômico.
Se a intervenção do BC demorar mais um ano, o ex-banqueiro Calmon de Sá vai acabar recebendo do Banco Central. Isto, apesar de o BC ter injetado R$ 10,7 bilhões no seu ex-banco. Os números explicam, em parte, o fato de Calmon de Sá ter sido o grande vencedor. Em breve, Calmon de Sá poderá levantar a intervenção sem ter sido preciso desfazer de de seus ativos, principalmente a Copene. Quanto mais tempo demorar o leilão, melhor para ele.


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