ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A fase de liquidações começou antes mesmo de o Natal chegar. O número de lojas que adotou a política das ofertas já é superior ao de 2002. Quem decide gastar saca o cartão de crédito: a cada três vendas, duas (66%) são feitas com essa forma de pagamento hoje.
A taxa é recorde e o mercado alerta para os riscos de o cliente cair no sistema rotativo do cartão de crédito, que cobra juros altos.
Esses dados fazem parte de um levantamento da Fecomercio SP apresentado ontem. Segundo a entidade, mais da metade dos lojistas (52%) -foram ouvidos 200 comerciantes- faz algum tipo de promoção atualmente para atrair clientes. O restante (48%) ainda não optou por essa tática.
Entre as estratégias escolhidas estão as ofertas relâmpagos (com redução no preço por um período), sorteios ou distribuição de brindes e a venda parcelada.
A ação preferida por 68% dos lojistas -entre os que admitiram usar a tática da promoção- é o desconto no preço. Ganha, em número de adeptos, inclusive da venda parcelada.

Superior a 2002
No setor de bens semiduráveis (calçados e roupas), 58% das lojas decidiram fazer alguma ação promocional neste ano. No mesmo período de 2002, 37,5% fizeram o mesmo. No segmento de itens duráveis (eletrônicos e carros), 57% criaram liquidações pré-Natal -no final de 2002, 53,8% adotaram essa estratégia.
Apenas no ramo de bens não-duráveis (alimentos e remédios) há menos lojistas aderindo às promoções: a taxa caiu de 62,9% para 41% no período.
A necessidade de as lojas aumentarem o caixa neste momento em que há recursos disponíveis no mercado -a próxima parcela do 13º salário será paga até a sexta-feira- é um dos fatores para o aumento no volume de promoções. A Fecomercio lembra, porém, que as ações estão mais concentradas na área de eletrônicos e menos no setor de vestuário.
"Quem não tiver fôlego para montar promoções vai ter desempenho mais fraco", diz Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Fecomercio.
Na pesquisa apresentada ontem, e realizada de 6 a 12 de dezembro, a federação ainda constatou aumento na confiança dos lojistas. Os mais otimistas são do setor eletrônico, dependente de crédito. Isso porque com a recente redução nos juros, há espaço para a venda parcelada. O levantamento ocorreu na capital paulista e região metropolitana.
A sondagem da federação também constatou uma forte elevação na venda com o cartão de crédito, que pode ser recorde neste ano, segundo as administradoras de cartão. O levantamento mostra que 66% dos consumidores pagaram as compras com cartão em dezembro. No Natal de 2002, a taxa foi de 45,7%. Em datas não comemorativas, 20% das vendas, em média, ocorrem com o cartão.
Com isso, o consumidor posterga o pagamento das dívidas para 2004 e, caso não consiga arcar com a conta, terá de entrar no sistema rotativo de pagamento do cartão. Esse sistema cobra as taxas mais altas de juros no comércio atualmente -10% ao mês.
Na tentativa de impulsionar as vendas por meio do cartão, o Pão de Açúcar anunciou ontem a criação de seu cartão de crédito pré-pago. Como tem um valor predeterminado (R$ 50 ou R$ 100), não há risco de o consumidor extrapolar nos gastos pois há um limite. Ele começa a ser vendido hoje.


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