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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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AVICULTURA

Estado fez bolsão de isolamento com 16 cidades

Surto de doença respiratória em aves leva SP a promover vacinação

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Para afastar o risco de disseminação da laringotraqueíte infecciosa (LTI) para além das granjas avícolas da região de Bastos (SP, a 563 km de São Paulo), onde um surto da doença foi detectado neste ano, uma grande campanha de vacinação será deflagrada a partir do próximo mês. A estimativa das autoridades sanitárias de São Paulo é que 13 milhões de aves sejam imunizadas.
A LTI é uma doença virótica que ataca o sistema respiratório das galinhas. Apesar de não afetar a saúde humana, provoca mortandade nos plantéis e queda na produção de ovos. É transmitida pelo contato direto entre aves ou por equipamentos, carcaças e esterco contaminados.
O surto de LTI em Bastos -conhecida como a "capital do ovo"- é o primeiro oficialmente confirmado no país. Embora existissem relatos de doenças respiratórias atípicas na região, o vírus só foi isolado em maio deste ano.
Segundo Rosana Moraes, fiscal do Programa Nacional de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura, não há comprovação sobre a origem do surto. A irrupção da doença pode estar relacionada, de acordo com Moraes, ao trânsito de aves de outros locais e ao uso de vacinas virais não-autorizadas.
Visando impedir a difusão do problema, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo criou, em setembro, um bolsão de isolamento envolvendo os 16 municípios que apresentaram focos da doença. A medida restringiu o trânsito de aves vivas, que passaram a sair das granjas direto para o abate. No total, 180 granjas foram interditadas.
Em outubro, o governo de Minas Gerais baixou portaria proibindo o ingresso de galinhas vivas da região de Bastos no Estado. Já a entrada de ovos e esterco ficou condicionada à apresentação de nota fiscal e declaração de desinfecção do veículo transportador. Ainda não há casos diagnosticados fora de São Paulo.
As primeiras vacinas -1,8 milhão de doses- serão importadas da Holanda. O lote de mil doses sairá por cerca de R$ 55. Serão duas doses por animal, com intervalo de quatro semanas entre elas.
Como a vacina é produzida a partir do vírus atenuado, aves imunizadas não poderão deixar o bolsão. Em contato com o vírus vacinal, galinhas sadias podem desenvolver a doença.
O Sindicato dos Produtores Rurais de Bastos calcula em 10% a perda de produtividade causada pela doença. A mortalidade, dependendo do lote, tem atingido de 20% a 25% dos animais, informou o diretor administrativo do sindicato, Yasuhiko Yamanaka.
Por solicitação do sindicato, granjeiros da região estão instalando -a R$ 9.000 cada- arcos de desinfecção na entrada das propriedades, para pulverização de veículos. "Esperamos que a doença fique restrita a essa área e que possamos erradicá-la com a vacinação", disse Yamanaka.


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