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RECEITA ORTODOXA
Alta de 0,5 ponto, para 17,75%, já era prevista pelo mercado; Copom não indica se ajuste acabou
BC eleva juros a maior nível em 13 meses
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central promoveu ontem aumento de 0,5 ponto percentual nos juros básicos. Na sua
última reunião do ano, o Copom
(Comitê de Política Monetária do
BC) decidiu elevar a taxa Selic para 17,75% ao ano, nível mais alto
desde novembro de 2003.
O aumento já era esperado por
analistas. Foi o quarto mês seguido de alta nos juros. Em nota divulgada no início da noite, o BC
informou que aumentou os juros
para dar "prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica iniciado na reunião de setembro"
-a mesma justificativa apresentada nos dois meses anteriores.
Em setembro, quando o BC deu
início a esse "processo de ajuste",
a taxa Selic estava em 16% ao ano.
O aumento seria necessário para
fazer com que a inflação ficasse
dentro das metas do governo.
Até agora, não houve indicações, por parte do BC, sobre o
tempo que esse ajuste levaria. Segundo analistas de mercado, a expectativa é que a taxa Selic, após a
alta de ontem, permaneça estável
até maio do ano que vem, quando
se espera que comece um processo de redução dos juros.
Nos últimos meses, vários fatores foram citados como ameaças
ao cumprimento das metas de inflação. Um dos principais era o
comportamento da cotação do
petróleo no mercado internacional e seus possíveis efeitos sobre o
preço dos combustíveis no Brasil.
Além disso, a estimativa de analistas para a inflação de 2005 também era apontada como motivo
da alta. Para o ano que vem, o governo fixou uma meta de 4,5%,
admitindo-se um desvio de até 2,5
pontos percentuais para cima ou
para baixo. O próprio BC, porém,
já informou que, com o cenário
atual, passará a perseguir 5,1% em
2005. Mesmo com a mudança, ela
continua abaixo das projeções do
mercado, que têm oscilado em
torno de 5,8%.
A meta deste ano, por sua vez,
não preocupa o BC. A alta dos
preços, medida pelo IPCA, deve
ficar em 7,38%, abaixo dos 8%
previstos pelo teto da meta do governo. Além disso, uma alta dos
juros agora não teria efeitos sobre
a inflação deste ano.
Em tese, quando se projeta uma
inflação acima da meta, os juros
são elevados. Juros mais altos tendem a desestimular o consumo
das famílias e os investimentos
das empresas, levando a uma desaceleração da economia.
Numa economia que cresce a
taxas mais moderadas, o espaço
para reajustes de preços tende a
ser menor. A forma de atuação do
BC ganhou força depois de divulgados os resultados do PIB (Produto Interno Bruto), que cresceu
5,3% entre janeiro e setembro de
2004, na comparação com 2003.
Tanto no governo quanto no setor privado, o entendimento foi o
de que as altas taxas do país não
impedem o crescimento.
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