São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Alta de 0,5 ponto, para 17,75%, já era prevista pelo mercado; Copom não indica se ajuste acabou

BC eleva juros a maior nível em 13 meses

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central promoveu ontem aumento de 0,5 ponto percentual nos juros básicos. Na sua última reunião do ano, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu elevar a taxa Selic para 17,75% ao ano, nível mais alto desde novembro de 2003.
O aumento já era esperado por analistas. Foi o quarto mês seguido de alta nos juros. Em nota divulgada no início da noite, o BC informou que aumentou os juros para dar "prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica iniciado na reunião de setembro" -a mesma justificativa apresentada nos dois meses anteriores.
Em setembro, quando o BC deu início a esse "processo de ajuste", a taxa Selic estava em 16% ao ano. O aumento seria necessário para fazer com que a inflação ficasse dentro das metas do governo.
Até agora, não houve indicações, por parte do BC, sobre o tempo que esse ajuste levaria. Segundo analistas de mercado, a expectativa é que a taxa Selic, após a alta de ontem, permaneça estável até maio do ano que vem, quando se espera que comece um processo de redução dos juros.
Nos últimos meses, vários fatores foram citados como ameaças ao cumprimento das metas de inflação. Um dos principais era o comportamento da cotação do petróleo no mercado internacional e seus possíveis efeitos sobre o preço dos combustíveis no Brasil.
Além disso, a estimativa de analistas para a inflação de 2005 também era apontada como motivo da alta. Para o ano que vem, o governo fixou uma meta de 4,5%, admitindo-se um desvio de até 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. O próprio BC, porém, já informou que, com o cenário atual, passará a perseguir 5,1% em 2005. Mesmo com a mudança, ela continua abaixo das projeções do mercado, que têm oscilado em torno de 5,8%.
A meta deste ano, por sua vez, não preocupa o BC. A alta dos preços, medida pelo IPCA, deve ficar em 7,38%, abaixo dos 8% previstos pelo teto da meta do governo. Além disso, uma alta dos juros agora não teria efeitos sobre a inflação deste ano.
Em tese, quando se projeta uma inflação acima da meta, os juros são elevados. Juros mais altos tendem a desestimular o consumo das famílias e os investimentos das empresas, levando a uma desaceleração da economia.
Numa economia que cresce a taxas mais moderadas, o espaço para reajustes de preços tende a ser menor. A forma de atuação do BC ganhou força depois de divulgados os resultados do PIB (Produto Interno Bruto), que cresceu 5,3% entre janeiro e setembro de 2004, na comparação com 2003. Tanto no governo quanto no setor privado, o entendimento foi o de que as altas taxas do país não impedem o crescimento.


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