São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Moeda norte-americana cai 1,45% e recua para R$ 2,725, após intervenção frustrada do Banco Central

Dólar registra a maior queda em 7 meses

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado chamou, mas o Banco Central não atendeu. O resultado foi a expressiva queda de 1,45% registrada pelo dólar ontem, a maior baixa em um dia em sete meses. O dólar acabou por fechar vendido a R$ 2,725, na menor cotação do dia.
No fim da manhã, com o dólar já em queda, o BC anunciou um leilão de compra de moeda. Mas a ação foi insuficiente para segurar o valor do dólar diante do real. Operadores de mesas de câmbio afirmam que as instituições financeiras pediram taxas maiores que a oferecida pelo BC para comprar dólares, e o BC não aceitou as taxas pedidas.
Passado o leilão, a queda do dólar nos negócios realizados pela tarde foi rápida e pesada. O BC não respondeu como o mercado esperava, comprando montantes maiores de dólares, e a moeda caiu aos níveis da primeira semana do mês, período em que o BC passou a atuar no câmbio.
"O mercado quer que o BC compre mais dólares e pague taxas mais elevadas do que as que tem oferecido. Como a autoridade monetária não tem atendido as demandas do mercado, o valor do dólar não tem se sustentado diante do real", afirma Mário Battistel, diretor da corretora Novação.
O BC alega que passou a comprar dólares para reforçar as reservas em moeda estrangeira do país. Para os analistas financeiros, as intervenções têm por finalidade evitar que o dólar fique abaixo dos R$ 2,70 e prejudique o desempenho das exportações.
Fatores como a queda do dólar diante do euro no mercado internacional e o baixo nível do risco-país brasileiro -que ontem voltou a encostar nos 400 pontos- têm colaborado para manter o real fortalecido.
As especulações sobre a possibilidade de o governo voltar a captar no exterior no curto prazo têm ajudado a colaborar com o atual cenário.
Quando o governo ou o setor privado captam recursos no estrangeiro, a tendência é de enfraquecimento do dólar diante do real. Isso acontece porque quando o dinheiro captado lá fora entra no país a oferta de dólares cresce. E, nesse momento, já tem sobrado dólares no mercado.

Mudanças?
Com a ação frustrada do BC ontem, analistas se perguntam se a autoridade monetária vai alterar sua atual atitude, passando a comprar lotes mais expressivos de moeda para enxugar a sobra de dólares.
Pela última pesquisa feita pelo BC junto às instituições financeiras, o dólar deve encerrar o ano em torno dos R$ 2,80. Ou seja, as apostas predominantes são de que o dólar não irá disparar nas duas últimas semanas de 2004.
À espera de mais uma elevação de juros a ser promovida pelo Copom, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou o pregão de ontem praticamente estável. Inflado pelos vencimentos dos mercados futuros e de opções sobre índice, o volume financeiro do pregão da Bolsa de ontem atingiu a cifra recorde de R$ 4,88 bilhões.


Texto Anterior: Inflação: IGP-10 fecha o ano com alta de 12,42%, vê FGV
Próximo Texto: BC comprou US$ 82 milhões em intervenções
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.