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MERCADO FINANCEIRO
Moeda norte-americana cai 1,45% e recua para R$ 2,725, após intervenção frustrada do Banco Central
Dólar registra a maior queda em 7 meses
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado chamou, mas o Banco Central não atendeu. O resultado foi a expressiva queda de
1,45% registrada pelo dólar ontem, a maior baixa em um dia em
sete meses. O dólar acabou por fechar vendido a R$ 2,725, na menor cotação do dia.
No fim da manhã, com o dólar
já em queda, o BC anunciou um
leilão de compra de moeda. Mas a
ação foi insuficiente para segurar
o valor do dólar diante do real.
Operadores de mesas de câmbio
afirmam que as instituições financeiras pediram taxas maiores que
a oferecida pelo BC para comprar
dólares, e o BC não aceitou as taxas pedidas.
Passado o leilão, a queda do dólar nos negócios realizados pela
tarde foi rápida e pesada. O BC
não respondeu como o mercado
esperava, comprando montantes
maiores de dólares, e a moeda
caiu aos níveis da primeira semana do mês, período em que o BC
passou a atuar no câmbio.
"O mercado quer que o BC
compre mais dólares e pague taxas mais elevadas do que as que
tem oferecido. Como a autoridade monetária não tem atendido as
demandas do mercado, o valor do
dólar não tem se sustentado diante do real", afirma Mário Battistel,
diretor da corretora Novação.
O BC alega que passou a comprar dólares para reforçar as reservas em moeda estrangeira do
país. Para os analistas financeiros,
as intervenções têm por finalidade evitar que o dólar fique abaixo
dos R$ 2,70 e prejudique o desempenho das exportações.
Fatores como a queda do dólar
diante do euro no mercado internacional e o baixo nível do risco-país brasileiro -que ontem voltou a encostar nos 400 pontos-
têm colaborado para manter o
real fortalecido.
As especulações sobre a possibilidade de o governo voltar a captar no exterior no curto prazo têm
ajudado a colaborar com o atual
cenário.
Quando o governo ou o setor
privado captam recursos no estrangeiro, a tendência é de enfraquecimento do dólar diante do
real. Isso acontece porque quando o dinheiro captado lá fora entra no país a oferta de dólares
cresce. E, nesse momento, já tem
sobrado dólares no mercado.
Mudanças?
Com a ação frustrada do BC ontem, analistas se perguntam se a
autoridade monetária vai alterar
sua atual atitude, passando a
comprar lotes mais expressivos
de moeda para enxugar a sobra de
dólares.
Pela última pesquisa feita pelo
BC junto às instituições financeiras, o dólar deve encerrar o ano
em torno dos R$ 2,80. Ou seja, as
apostas predominantes são de
que o dólar não irá disparar nas
duas últimas semanas de 2004.
À espera de mais uma elevação
de juros a ser promovida pelo Copom, a Bolsa de Valores de São
Paulo fechou o pregão de ontem
praticamente estável. Inflado pelos vencimentos dos mercados futuros e de opções sobre índice, o
volume financeiro do pregão da
Bolsa de ontem atingiu a cifra recorde de R$ 4,88 bilhões.
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