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RECEITA ORTODOXA
Com peso do juro e novas emissões de títulos, total chega a R$ 959 bi
Dívida pública já registra crescimento de R$ 149 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O total de títulos públicos emitidos pelo governo federal cresceu
R$ 22,16 bilhões entre outubro e
novembro e ajudou a elevar a dívida total para R$ 959,50 bilhões,
segundo dados do Tesouro Nacional e do Banco Central.
O aumento registrado no mês
passado foi conseqüência de uma
grande emissão de papéis corrigidos pela inflação e dos juros que
incidiram sobre a dívida em novembro.
Somente neste ano, o endividamento contraído pela União por
meio da venda de títulos registrou
um crescimento de R$ 149,2 bilhões. Ainda assim, esse aumento
está dentro do planejado pelo Tesouro Nacional -que já projetava que a dívida pública iria encerrar o ano de 2005 entre R$ 940 bilhões e R$ 1 trilhão.
Boa parte do crescimento da dívida do governo reflete as elevadas taxas de juros praticadas no
país. Em novembro, 51,2% dos títulos públicos em circulação no
mercado eram corrigidos pela taxa Selic. Em 2005, a taxa, fixada
pelo BC, chegou a atingir 19,75%
ao ano, mas tem recuado gradativamente desde setembro -hoje
está em 18% ao ano.
"Tudo indica que a gente vai entrar num ciclo de queda dos juros", diz o coordenador-geral da
Dívida Pública do Tesouro, Paulo
Valle. Essa queda, segundo Valle,
deve estimular os investidores a
colocar menos dinheiro nos títulos corrigidos pela Selic, substituindo-os por papéis prefixados
ou atrelados a índices de preços.
No mês passado, o governo
emitiu R$ 9,9 bilhões em novos títulos públicos, sendo que R$ 7,3
bilhões se referem a papéis corrigidos pelo IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo). Anteontem, foi realizado um novo leilão,
e outros R$ 20 bilhões foram vendidos.
O objetivo do Tesouro é reduzir,
cada vez mais, a participação dos
títulos corrigidos pela Selic na dívida total. Isso porque, quando se
tem um volume muito grande de
títulos pós-fixados, os gastos com
juros do governo sobem sempre
que a Selic for elevada.
No caso dos papéis corrigidos
pela inflação, os investidores recebem, além da variação de um índice de preços, uma taxa de juros
prefixada. No caso dos títulos
atrelados ao IPCA, por exemplo,
os aplicadores recebem cerca de
11% de juros além da inflação.
Câmbio
A participação de papéis cambiais na dívida pública, por sua
vez, tem se reduzido cada vez
mais. Entre dezembro de 2004 e
novembro último, a participação
desse tipo de título no endividamento total caiu de 9,88% para
3,28%. A queda é explicada pelas
operações do BC com os chamados "swap" cambiais.
O "swap" cambial é um contrato que paga aos investidores a variação do dólar ocorrida em determinado período -em troca,
os aplicadores devem pagar ao BC
os juros que ficarem acumulados
nesse mesmo espaço de tempo.
Desde o mês passado, porém, o
BC tem antecipado o resgate de
boa parte desses contratos. A justificativa oficial para a medida é a
necessidade de melhorar o perfil
da dívida pública, embora a ação
também tenha o efeito de favorecer a alta do dólar.
Ontem, o chefe-adjunto do Departamento de Mercado Aberto
do BC, João Henrique Simão, disse que, mantido o ritmo dos resgates feitos pelo BC, a parcela da
dívida interna corrigida pelo
câmbio pode ser totalmente cancelada até o final deste ano. Além
disso, Simão disse que, mesmo
zerando essa parcela da dívida, o
BC poderá continuar a operar
com contratos de "swap", o que
pode manter uma pressão maior
para elevar a cotação do dólar em
relação ao real.
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