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BB negocia compra de bancos no exterior
Instituição confirma entendimento com o argentino Banco Patagônia e afirma que estuda outras aquisições fora do país
Para manter expansão de empréstimos e aquisições, banco prevê aporte de capital de R$ 8 bi com o lançamento de ações no mercado
EDUARDO CUCOLO
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil iniciou
uma série de negociações para
comprar instituições financeiras no exterior, principalmente
na América Latina, mas que inclui ainda os Estados Unidos.
Ontem, o BB confirmou as conversas com o Banco Patagônia,
o quarto maior em agências na
Argentina e que atua, principalmente, junto a funcionários públicos no país vizinho.
O objetivo dessas aquisições
é fortalecer a atuação em países
onde há uma forte presença de
empresas e trabalhadores brasileiros. Hoje o BB tem pequenas estruturas em 23 países,
mas ainda não tem condições
de dar um apoio maior às empresas que atuam no exterior.
"Somos demandados por
empresas brasileiras que
atuam nesses países e estão em
busca de "funding" [financiamento] com recursos locais.
Onde tem fluxo tem de ter banco", disse o presidente do BB,
Aldemir Bendine.
O Banco Patagônia enviou
ontem à Bolsa de Buenos Aires
um comunicado em que confirma as negociações com o BB. O
Patagônia atende 720 mil clientes individuais e 38 mil empresas. Tem ativos no valor de US$
2,2 bilhões, além de US$ 1,5 bilhão em depósitos.
Outro país que está na lista
do Banco do Brasil são os Estados Unidos. Já existe um pedido no banco central norte-americano para que o BB possa
abrir uma subsidiária. Mas a
demora na aprovação pode levar o banco brasileiro a fazer
uma aquisição. "Estamos vendo oportunidades para comprar ativos ou só a infraestrutura [agências]."
Para bancar essa expansão, o
BB vai precisar de uma injeção
de capital calculada em, pelo
menos, R$ 8 bilhões. Esse dinheiro deve ser obtido por
meio do lançamento de novas
ações do banco no mercado já
em 2010. A maior parte dos papéis ficará com a União, que deve bancar dois terços dessa capitalização. Sem esse dinheiro,
o BB ficará impedido de realizar novos empréstimos a partir
de 2011.
Segundo Bendine, esse é o
valor mínimo necessário para
que o banco possa voltar aos
patamares de capitalização registrados no final de 2008. Na
época, para cada R$ 100 emprestados pelo banco, havia R$
15,2 no seu capital. Com as
aquisições feitas recentemente, entre elas a da Nossa Caixa e
de parte do Votorantim, o valor
caiu para R$ 13, em setembro
deste ano, pouco acima do limite de R$ 11 fixado pelo BC.
O banco prevê alta de 20% na
carteira de crédito. Bendine
disse que o banco possui hoje
capital para garantir cerca de
R$ 100 bilhões em financiamentos e deve emprestar pelo
menos R$ 60 bilhões em 2010.
A capitalização precisa garantir também os projetos do
banco de aumentar sua atuação
no financiamento à infraestrutura. O BB já criou três grupos
de trabalho, dois para acompanhar os projetos da Copa de
2014 e da Olimpíada de 2016 e
outro para negócios ligados à
exploração do petróleo no pré-sal e outros segmentos.
Outro plano para o Brasil é
aumentar o número de agências de 5.000 para 7.000, para
que, em cinco anos, esteja em
todas as cidades do país. Hoje,
está presente em 70% delas.
O BB já iniciou o processo de
capitalização para garantir a
realização de todos esses negócios. Em outubro, vendeu US$
1,5 bilhão em títulos de dívida
no exterior. Em novembro,
captou mais R$ 1 bilhão. Mesmo assim, ainda há necessidade
de mais capital. Por isso, o banco quer fazer o primeiro lançamento de novas ações no mercado desde 1998.
Colaborou SILVANA ARANTES , de Buenos Aires
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