São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

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Próxima estratégia pode ser nacionalização

EDMUND ANDREWS
DO "NEW YORK TIMES"

No ano passado, enquanto as autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) e do Departamento do Tesouro americano iam resgatando uma instituição atrás da outra, eles se esforçavam ao máximo para não fazer nada que cheirasse a nacionalização de banco.
Eles podem agora não ter mais esse luxo. Com dois dos maiores bancos do país anunciando outra rodada de enormes prejuízos, a futura administração de Barack Obama e o Fed estão agora lidando com instituições que são "muito grandes para falir" e, ainda assim, incapazes de operar, já que a economia em queda destrói o seu capital.
Especialmente no caso do Citigroup, as perdas são tão grandes que tornam quase matematicamente impossível para o governo realizar uma injeção de capital grande o suficiente sem assumir uma participação majoritária ou pelo menos reduzir a dos atuais acionistas.
O pacote de ajuda de cerca de US$ 120 bilhões ao Bank of America, assim como o de US$ 300 bilhões para o Citi, anunciado em novembro, é uma ginástica financeira que visa fornecer capital sem parecer que está assumindo o controle acionário. Os funcionários do Fed e do Tesouro conseguiram esse objetivo ao estruturarem os acordos como se fossem programas de seguro para enormes quantidades dos ativos mais tóxicos dos bancos.
Em vez de gastarem dezenas de bilhões de dólares do contribuinte americano em troca de ações preferenciais do bancos, que tem sido o método do Departamento do Tesouro até agora em suas injeções de capital, o governo, na prática, liberou os bancos de seus ativos mais problemáticos.
O problema com essa estratégia, dizem analistas, é que ela provavelmente esconde o tamanho do risco que os contribuintes estão assumindo. Se os ativos garantidos pelo governo acabam valendo nada, o custo da garantia será muito maior do que se o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos tivesse resgatado os bancos simplesmente com injeções de dinheiro desde o começo.


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