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SISTEMA FINANCEIRO
Prejuízo é com casos Nacional, Econômico e Bamerindus; instituição tenta acordo com ex-controladores
BC perde mais de R$ 10 bi com intervenções
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O prejuízo do Banco Central
com as intervenções financeiras
no Banco Nacional, no Econômico e no Bamerindus deve superar,
em muito, R$ 10 bilhões.
O presidente do BC, Armínio
Fraga, quer encerrar ou encontrar
uma solução para a liquidação
dessas instituições até o final de
março. Se as liquidações fossem
encerradas hoje, sem qualquer tipo de acordo com os ex-controladores dos bancos, sobraria para o
Tesouro Nacional, ou seja, para os
contribuintes, um rombo de R$
9,828 bilhões.
O dinheiro público injetado nos
três bancos -incluindo os recursos do Proer (o programa de reestruturação do sistema financeiro)
e de linhas de assistência financeira do Banco Central- daria à autoridade monetária o direito de
receber hoje, em valores de dezembro do ano passado, R$
26,081 bilhões.
No entanto os recursos disponíveis nos bancos só permitiriam
pagar R$ 16,252 bilhões ao BC.
Portanto faltariam R$ 9,828 bilhões. As informações foram
prestadas à Folha pelo Banco
Central.
Na verdade o rombo tende a ser
muito maior. Nos bancos em liquidação extrajudicial -o caso
das três instituições-, as dívidas
são corrigidas pela Taxa Referencial, que é muito mais baixa do
que a taxa de juros básica da economia (Selic). Em janeiro, a Selic
ficou em 1,53% ao mês, e a TR, em
0,26%.
Segundo o diretor de Finanças
Públicas do Banco Central, Carlos
Eduardo de Freitas, a conta correta para medir o prejuízo é corrigir
o crédito injetado nessas instituições pela taxa Selic, o que daria
um número muito maior do que
o valor que o BC tem a receber hoje -os R$ 26,081 bilhões foram
atualizados pela TR.
Diferenças
Assim, a diferença entre o dinheiro a que o BC tem direito e o
que o Nacional, o Econômico e o
Bamerindus podem efetivamente
pagar seria muito maior do que os
R$ 9,828 bilhões. Por isso o prejuízo com o socorro desses bancos
deve superar, em muito, R$ 10 bilhões.
"Eu acredito que vamos conseguir sim . O presidente é um executivo que decide com muita rapidez. Ele tem se envolvido diretamente nessa questão e tem nos
dado apoio muito grande", disse
Freitas à Folha.
Além desses três grandes bancos, Fraga e Freitas esperam concluir ainda neste ano as liquidações de outras oito instituições: o
Banco Mercantil (de Pernambuco), Crefisul, Banco Mercantil de
Descontos, Pontual, Banorte,
Bancesa, Banco Brasileiro Comercial e Banfort.
Dessas instituições, quatro
(Pontual, Banorte, Banfort e Crefisul) também dariam prejuízo ao
BC se as liquidações fossem encerradas hoje. Somados com os
números de Nacional, Econômico e Bamerindus, o prejuízo subiria para R$ 10,957 bilhões.
Opções
Freitas tem basicamente duas
opções para encerrar essas liquidações. Na primeira, é feito um
acordo entre os devedores e os
credores -entre eles, o Banco
Central.
A liquidação extrajudicial seria
encerrada e os credores embolsariam tudo o que fosse possível naquele momento. Teriam também
a garantia de pagamentos futuros
se créditos de difícil recebimento
(como a venda de imóveis) viessem a ser recuperados.
Essa responsabilidade seria repassada aos ex-controladores dos
bancos, que assumiriam também
a obrigação de pagar dívidas cobradas na Justiça. Essa modalidade é o que se chama de liquidação
ordinária.
A grande vantagem para os ex-controladores nesse caso é que as
ações de responsabilidade movidas contra eles seriam extintas. Isso significaria que seus bens pessoais, hoje arrestados para servir
de garantia de pagamento aos credores, seriam liberados.
A outra possibilidade seria o
Banco Central recuperar o que
fosse possível -dentro da parte
que caberia ao Tesouro- e mandar o caso para a Justiça, onde seria decidido o pagamento das dívidas dos demais credores. Por esse meio, os bens dos ex-controladores permaneceriam arrestados,
mas, certamente, o encerramento
da liquidação seria muito mais
demorado.
Atenuante
A primeira opção de Freitas é a
de entrar em acordo com os ex-controladores. Ou seja, passar a liquidação de extrajudicial para ordinária.
"Poderíamos também trazer
parte dos bens pessoais dos ex-dirigentes para a massa em liquidação, para serem usados no pagamento dos credores. Há espaço
para negociar isso", disse o diretor do BC.
Em sua opinião, essa é a melhor
alternativa, pois permite dar um
fim à liquidação extrajudicial e recuperar o máximo possível para
Tesouro Nacional.
Se houver acordo, é possível que
o BC recupere um pouco mais do
que conseguiria receber se encerrasse as liquidações hoje. Mesmo
assim, o rombo, muito provavelmente, ultrapassaria os R$ 10 bilhões.
Freitas lembra que nem todos
os bancos em liquidação em que o
Banco Central pôs dinheiro darão
prejuízo aos cofres públicos. "No
caso do Mercantil de Pernambuco, por exemplo, passivo e ativo
estão igualados e, em breve, vamos encerrar a liquidação", afirmou ele.
"Acredito que se trabalharmos
com afinco, e nós vamos fazer isso, será viável encerrar todas essas
liquidações ainda neste", afirmou
Freitas.
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