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Receita troca adjunto e corregedor-geral
Dois nomes do primeiro escalão do órgão, Ricardo Pinheiro e Marcos Rodrigues de Mello deixam cargo após episódios de desgaste
Oficialmente, justificativa é a de que pediram saída; Pinheiro havia criticado desonerações, e Mello é
alvo de investigações da PF
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De uma só vez, deixaram suas
funções na Receita Federal o
número dois e o corregedor-geral do órgão.
Oficialmente, eles pediram
afastamento de seus cargos, o
que foi aceito pelo ministro da
Fazenda, Guido Mantega, em
decisões publicadas ontem no
"Diário Oficial" da União.
Nos bastidores, diz-se que o
secretário-adjunto Ricardo Pinheiro foi afastado por ter feito
sucessivas críticas ao governo
contra desonerações de impostos adotadas recentemente.
Sua justificativa, no entanto, é
por problemas de saúde.
Já o corregedor, Marcos Rodrigues de Mello, passou por
grande desgaste no período em
que ocupou o cargo (um ano e
oito meses).
Ele é investigado pela Polícia
Federal por suposta quebra de
segredo de Justiça e interceptação e seqüestro de documentos. Em 2005, seu gabinete passou por busca e apreensão feita
pela PF. Ele também é alvo de
um Procedimento Administrativo no Ministério Público Federal por razão semelhante.
Em dezembro, num evento
da Receita Federal no Rio
Grande do Sul, ele desabafou a
colegas dizendo que se sentia
cansado da situação e que não
deveria completar o mandato,
que só terminaria em junho do
ano que vem.
Pinheiro também já passou
por momentos tensos na Receita. Em 2003, ele foi grampeado
pela Polícia Federal por solicitação do Ministério Público Federal.
A investigação decorreu de
inquérito administrativo aberto pela Corregedoria da Receita, que apurava eventual participação do secretário da Receita, Jorge Rachid, e de Pinheiro
num suposto esquema para beneficiar uma empresa de consultoria de dois outros auditores (um aposentado e outro licenciado).
Pela mesma razão, o Ministério Público ingressou com ação
por improbidade, em 2005, pedindo o afastamento dos dois.
O caso ainda corre na Justiça,
mas a liminar foi negada na
ocasião.
Desoneração
No campo político, Pinheiro
confrontou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando
Furlan, na questão da desoneração de impostos sobre receitas obtidas com exportação.
No mês passado, ele mandou
um recado, ao ser questionado
sobre eventuais novas medidas
de redução de impostos. Ao falar sobre o PAC (Programa de
Aceleração de Crescimento),
disse que não haveria mais espaço para a concessão de mais
benefícios fiscais.
Pinheiro continua como um
dos quatro secretários-adjuntos da Receita, mas deixa de ser
o eventual substituto de Rachid. A função passará a ser
exercida por Carlos Alberto
Barreto, também secretário-adjunto.
Marcos Mello voltará a Bauru (SP), mas ainda não está definido em que função. Ele diz
que deixou a Corregedoria pela
dificuldade de conciliar o trabalho em Brasília e a família no
interior de São Paulo.
Colaborou LEANDRA PERES, da Sucursal de Brasília
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