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UE impõe cronograma rígido à Grécia para corte no deficit
Até 2012, país terá de reduzir rombo fiscal em dez pontos percentuais, para 3% do PIB
Grécia tem 1 mês para listar
medidas que visam baixar
deficit para 8,7% neste ano;
bomba explode no JPMorgan
em Atenas e ninguém se fere
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A União Europeia impôs ontem à Grécia um calendário
draconiano para corrigir suas
finanças. Começa em um mês,
com a apresentação de relatório de medidas adicionais a seu
plano de austeridade, e vai até
2012, quando o país terá de ter
reduzido seu deficit orçamentário em dez pontos percentuais, para 3% do PIB.
O arrocho extra é cobrado em
um momento em que as tensões sobem em Atenas. Uma
bomba-relógio explodiu ontem
em um escritório do JPMorgan
na capital -o banco americano
é um dos que estão envolvidos
na camuflagem da dívida grega
por meio da emissão de derivativos, conforme revelou o "New
York Times" no final de semana. Ninguém foi ferido e ninguém reivindicou a autoria,
mas o clima social é óbvio.
A semana está coalhada de
greves. Dos funcionários do
Ministério das Finanças e fiscais alfandegários (alvo de congelamento salarial) aos taxistas
e motoristas de caminhões-tanque (afetados pela alta do
imposto sobre a gasolina), várias categorias param.
O ápice será a greve geral
convocada pelo maior sindicato grego para o próximo dia 24.
A pressão popular alimenta
dúvidas de que o governo socialista em Atenas possa cumprir
o que prometeu à UE, que dirá
tomar medidas adicionais.
Na segunda, os ministros da
Economia dos 16 países que
adotam o euro anunciaram que
o governo do premiê George
Papandreou tem até 16 de março para listar as medidas que
tomará para baixar o deficit de
12,7% para 8,7% neste ano.
O ultimato foi repetido ontem pelo Ecofin, que reúne os
ministros da Economia e das
Finanças dos 27 países da UE e
os membros da Comissão Europeia (braço Executivo do bloco) para com o assunto.
O Ecofin informou Atenas de
que as medidas mais urgentes
terão de ser adotadas até 15 de
maio e que o país terá de promover mais ações para assegurar o cumprimento das metas
até o fim do ano. A dívida grega
fechou 2009 a 113% do PIB (o
teto, pela regra, é 60%).
Segundo disse em entrevista
coletiva via webcast o comissário europeu para Questões Econômicas e Financeiras, Olli
Rehn, o cronograma ainda será
mais detalhado em breve.
Rehn afirmou também que a
Grécia terá de reformar rapidamente seu sistema de estatísticas e de prestação de contas à
UE e que os poderes do Eurostat (órgão estatístico do bloco)
serão ampliados para evitar a
repetição da farsa grega -uma
revisão de dados pelo atual governo revelou em outubro que
o deficit era o triplo do que informara seu antecessor. Agora,
o país será punido.
Para o ministro grego da Economia, indagado por agências
de notícias, o cronograma é viável. Na véspera, George Papaconstantinou criticara a UE por
não oferecer dinheiro.
Por ora, o Ecofin reafirmou
que os cofres seguem fechados,
mas o compromisso de socorrer a Grécia, se houver risco de
quebra, persiste. Quase US$ 28
bilhões em títulos da dívida
grega vencem em abril e maio.
"Podemos ajudar a Grécia a
superar suas dificuldades, contanto que o país colabore, adotando medidas extras", disse
Rehn em entrevista coletiva via
webcast ontem.
Papandreou já havia se comprometido a congelar salários,
enxugar o funcionalismo e cortar pensões e comissões, além
de elevar o imposto da gasolina.
Anunciou também que promoverá reforma tributária, vista
como a mais impopular das
medidas. O plano deve sair nos
próximos dias.
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