São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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PRÉ-COPOM

Para diretor da Fiesp, ortodoxia "jamais vista" impede geração de vagas

Indústria pede redução de juro "o mais rápido possível"

DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) defendeu a redução da taxa de juros "o mais rápido possível" para a criação de novos postos de trabalho no setor industrial.
"Os indicadores do mercado interno estão todos abaixo das nossas expectativas [produção e nível de emprego]. Se o governo não adotar medidas que favoreçam o crescimento da economia e do emprego, não é o empresário que vai adotar", disse Cláudio Vaz, diretor de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, durante divulgação ontem da pesquisa de nível de emprego realizada com 47 segmentos industriais de São Paulo.
Para o empresário, o Copom (Comitê de Política Monetária) atua "de uma maneira jamais vista em termos de ortodoxia" -em referência à manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 16,5% por dois meses consecutivos.
Hoje o Copom decide o destino dos juros, e a previsão é que não haverá alteração na taxa.
"Não há nenhum risco de perda de controle da inflação [que justifique a decisão de manter os juros no patamar de 16,5%]. Sem dúvida é uma teimosia pela qual estamos pagando um preço alto, sem benefícios", afirmou Vaz.
Ao ser questionado sobre o fato de o Banco Central poder utilizar o resultado positivo no nível de emprego registrado pela indústria paulista para justificar a manutenção dos juros, Vaz disse: "Só se ele [o BC] fosse sadomasoquista".

Redução da jornada
O diretor da Fiesp também criticou ontem a proposta de redução da jornada de trabalho, defendida por centrais sindicais como alternativa para a criação de vagas e diminuição do desemprego no país.
"É uma falsa solução", diz Vaz. Na sua avaliação, se adotada, a medida poderia agravar a situação de segmentos industriais mais competitivos e responsáveis pela criação de vagas. "Além de prejudicar esses setores [intensivos em mão-de-obra], poderia haver estímulo à automação."
CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, CGT (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), SDS (Confederação Geral dos Trabalhadores), CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) lançaram anteontem campanha nacional para reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas.
"Não há garantias de que a redução vá gerar vagas. Em 1988, quando a jornada passou de 48 para 44 horas, não se verificou essa expansão [no emprego]." (CR)

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