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CURTO-CIRCUITO
Ministra de Minas e Energia diz, em Londres, que empresa em dificuldade quebrará sem ajuda do governo
Dilma nega socorro a elétrica com problema
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
A ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, deu ontem um
recado duro às empresas de energia elétrica que vêm enfrentando
dificuldades financeiras.
Segundo ela, as companhias do
setor terão de se acostumar à idéia
de que, se forem mal geridas, quebrarão sem receber socorro do
governo.
"Se uma empresa quebra porque seus gestores tomaram uma
decisão errada, ela tem de quebrar. O que estou dizendo é que
não se pode mais alegar que vou
ter algum problema e para isso o
governo tem de me socorrer."
A ministra está em Londres,
participando de um encontro sobre energia e ambiente que reúne
ministros de mais de 20 países.
De acordo com ela -que respondia a uma pergunta sobre a
Light, mas indicou que estava falando sobre as empresas com dificuldades financeiras de forma geral-, a possível falência de uma
empresa não prejudicaria o resto
do setor elétrico. Segundo ela, a
nova regulamentação do segmento no Brasil foi feita justamente
para impedir isso.
"Acho que, no Brasil, com o fortalecimento do setor elétrico
-que tem a presença de empresas privadas-, vai ter de se acostumar ao fato de que empresas
podem quebrar sem prejudicar o
setor", disse.
Propostas
Dilma desembarcou em Londres decidida a passar às demais
autoridades de países ricos a
mensagem de que as nações em
desenvolvimento precisam continuar aumentando seu consumo
de energia a fim de se desenvolverem.
Segundo ela, embora devam assumir o compromisso de reduzir
o nível de emissão de carbono,
países como o Brasil não podem
se comprometer ao mesmo padrão que deverá ser seguido, a
partir de agora, pelas nações ricas.
"Queremos ampliar nosso consumo, não podemos ficar condenados a manter o mesmo padrão
atual", disse.
Dilma veio preparada para defender o uso de combustíveis renováveis, como o etanol. "O Brasil
tem algo concretíssimo a apresentar: o uso de combustível renovável, que é o etanol. Temos uma
vantagem competitiva imensa
nisso."
A intenção de Dilma é convencer os países desenvolvidos a importar etanol de mercados como
o brasileiro. Outra proposta da
ministra é que as nações ricas
apóiem projetos de países em desenvolvimento na área, por exemplo, do biodiesel.
A ministra destacou que, hoje,
88% da eletricidade produzida no
Brasil vem de fontes renováveis.
Isso faz, segundo ela, com que o
país seja o mais bem colocado em
mercados que começam a se desenvolver agora, como o de negociação de créditos de carbono.
Por esse tipo de transação, nações que usem mais intensamente
fontes renováveis de energia ganham créditos que podem ser
vendidos a outros países que ainda mantenham maior grau de
emissão de gases poluentes.
"Talvez, o Brasil seja hoje o país
com mais opções nesse aspecto",
disse a ministra.
Ela afirmou, ainda, que investidores externos de países desenvolvidos, como o Canadá e a Austrália, já começaram a demonstrar interesse em projetos desse tipo no Brasil.
Em relação aos rumores de que
a falta de energia na região Sul,
provocada por uma severa estiagem, forçaria o país a suspender
suas exportações de energia para
o Uruguai, Dilma disse ter quase
certeza absoluta de que isso não
será necessário.
"Tudo leva a crer que iremos
manter [as exportações para o
Uruguai]." De acordo com a ministra, tudo indica que vai voltar a
chover.
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