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Sadia diz que operações com câmbio são regulares
Empresa nega irregularidades em contratos que estão sob investigação da PF
"Todos os contratos de ACC da Sadia estão lastreados em exportações efetivamente realizadas e registradas", diz nota
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sadia disse em nota divulgada ontem que as operações
bancárias vinculadas a exportações que realizou são todas
regulares e foram registradas
nos sistemas de controle do
Banco Central.
A Folha revelou na edição de
ontem que a Polícia Federal investiga a empresa por suspeitar que ela recorreu a uma operação bancária chamada ACC
(Antecipação de Contrato de
Câmbio) para supostamente
praticar fraudes cambiais. Procurada pela Folha antes da publicação da reportagem, a empresa não quis se pronunciar.
ACC é uma operação em que
o banco antecipa recursos para
a empresa financiar a produção a ser exportada e tem taxas
de juros que chegam à metade
das praticadas pelo mercado.
Uma das suspeitas é que a
Sadia obtivesse ACCs sem realizar as exportações que deveriam lastrear a operação.
"Todos os contratos de ACC
da Sadia estão lastreados em
exportações efetivamente realizadas e registradas no Sisbacen (na contratação do ACC
com banco) e no Siscomex (registro da exportação e do embarque)", diz a nota. Sisbacen e
Siscomex são sistemas de controle do Banco Central.
Ainda de acordo com a nota,
a investigação da PF visava
apurar operações feitas pela
corretora Lira. "A Sadia não
era o foco da investigação",
afirma o texto da companhia.
A reportagem da Folha diz
que a investigação começou na
Lira, em setembro de 2008, e
estendeu-se à Sadia. A apuração começou na Polícia Civil e
foi transferida para a PF por
determinação judicial e por pedido dos advogados da Sadia.
A nota afirma que a Sadia
-que se fundiu à Perdigão em
2009, criando a BR Foods- está colaborando com a PF e já
apresentou a documentação
que comprova "a lisura e a licitude das operações praticadas
pela empresa com a corretora
Lira, entre 2002 e 2005".
Ainda de acordo com a nota
da empresa, todas as operações
com ACCs estão "devidamente
contabilizadas nas demonstrações financeiras publicadas da
companhia, que passam por
auditoria externa, e são detalhadas em notas explicativas".
A Sadia refutou a hipótese da
polícia de que os volumes de
ACCs seriam incompatíveis
com suas exportações.
"Sobre o fato de a Sadia ter
feito em apenas um dia US$ 60
milhões em operações de ACC,
não há nada de atípico, dado ao
volume enorme de exportações da companhia -que, no
mesmo período, chegou a ultrapassar US$ 300 milhões em
um mês", diz a nota.
Segundo a nota, a descriminação dos produtos a serem
exportados e o destino da exportação são feitos durante o
embarque da mercadoria, e
não na emissão das ACCs.
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