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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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BANCOS

Com ativos de R$ 52,5 bi, instituição holandesa continua na 4ª posição no ranking, mas está mais perto do Santander

ABN compra o Sudameris por R$ 2,29 bi

ÉRICA FRAGA
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há mais de um ano à venda, o banco Sudameris, controlado pelo grupo italiano Intesa, foi vendido ontem ao holandês ABN Amro Real. O valor total do negócio é de R$ 2,29 bilhões ( 687,9 milhões), dos quais R$ 525 milhões serão pagos à vista e o restante em ações do Real.
Com a aquisição, os ativos do ABN Amro saltarão para R$ 52,5 bilhões, o equivalente a 7,7% do total dos bancos privados. Embora permaneça na quarta posição do ranking das maiores instituições, o ABN agora encosta no Santander, que possui R$ 54,5 bilhões em ativos, de acordo com dados da ABM Consulting com base nos balanços de 2002.
Segundo Fábio Barbosa, presidente do banco holandês, as negociações tiveram uma primeira rodada em 2001, quando os controladores italianos colocaram o banco à venda.
"Fomos a Milão para conversar, pois vimos que se tratava de um ativo que complementava nossos negócios", diz Barbosa.
Na época, o grupo Intesa acabou fechando um acordo com o Itaú, que se comprometeu a pagar um ágio de US$ 925 milhões sobre o patrimônio líquido de R$ 1,2 bilhão do Sudameris. O negócio, no entanto, fez água. Com a forte desvalorização do real em 2002, segundo o Itaú, o preço acabou ficando muito alto.
Com isso, em dezembro passado o ABN retomou os contatos com o grupo Intesa. No páreo também estavam o Bradesco e o Unibanco, sendo que o último já havia participado da rodada de negociações em 2001.
Agora, na reta final, segundo a Folha apurou, a disputa estava entre o ABN e o Bradesco. O banco holandês acabou, no entanto, oferecendo o melhor lance.
Um dos motivos que teriam levado o Bradesco a desistir do negócio foi o fato de que o Itaú, seu principal concorrente, já havia tido acesso a informações confidenciais do Sudameris enquanto analisava sua aquisição.
Segundo Barbosa, o Sudameris complementa a estrutura do ABN, aumentando a presença do banco holandês nas principais capitais da região Sudeste.
"Neste momento de concentração bancária, esse negócio reforça nosso compromisso com o país", afirmou Barbosa.
Para Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, o negócio foi o primeiro movimento significativo de investimento de um banco estrangeiro no país depois da saída de várias instituições de fora.
O Sudameris resultou da compra do América do Sul pelo Intesa, em 1998. Esse banco carregava financiamentos concedidos à Cooperativa Agrícola de Cotia, que não foram pagos, gerando perdas para o Sudameris. Em 1999 e em 2000, o banco registrou prejuízos. Nos dois últimos anos, segundo analistas, os balanços mostraram uma melhora. "O Sudameris teve lucro em 2001 e em 2002 e melhorou seu índice de eficiência", diz Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
O índice de eficiência mede a relação entre as receitas do banco e suas despesas. Quanto menor esse indicador, melhor a saúde do banco. Em 1999, esse índice era de 130% e veio caindo, até chegar em 69% no ano passado. A média dos bancos de varejo é de 58%.


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