São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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GUERRA COMERCIAL

Entidades fazem manifesto conjunto em repúdio a ações contra o livre comércio; EUA seriam principal alvo

FMI, Bird e OMC condenam protecionismo

DA REDAÇÃO

As três principais organizações econômica multilaterais -FMI (Fundo Monetário Internacional), Bird (Banco Mundial) e OMC (Organização Mundial do Comércio)- uniram-se ontem, em um gesto sem precedentes, para condenar o protecionismo comercial dos países ricos.
Apesar de os EUA não terem sido nomeados, o repúdio às medidas contra o livre comércio ocorre em um momento em que o governo norte-americano eleva as taxas de importação de aço e amplia os subsídios agrícolas. Assinam o documento Horst Köhler, diretor-gerente do FMI, James Wolfensohn, presidente do Bird, e Mike Moore, diretor-geral da OMC.
"Qualquer medida que aumente o protecionismo é nociva", afirma a declaração. "Tais ações reduzem as perspectivas de crescimento onde o crescimento é mais necessário. Elas [as ações protecionistas" emitem o sinal errado, ao restringir a capacidade de governantes conquistarem apoio para as reformas orientadas pelo livre mercado."
A declaração foi divulgada durante um encontro de ministros de mais de 30 países, na sede da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em Paris.
As autoridades que estiveram no encontro foram unânimes em atacar as recentes medidas de George W. Bush. Embora se autoproclame defensor do livre comércio, o presidente norte-americano assinou recentemente projetos que fecham os EUA ao aço importado e lesam produtores agrícolas como o Brasil, ao aumentar em 70% o subsídio ao setor rural.
Se os EUA são o alvo mais evidente do manifesto, as críticas valem também para a União Européia, cujos países relutam em se abrir aos produtos agrícolas importados. A declaração pede ainda a abertura do setor têxtil, tema sensível para os americanos.
"Como os líderes de países em desenvolvimento podem defender a abertura econômica sem que a liderança parta das nações ricas?", indaga o documento.
Para a maioria dos ministros presentes no encontro, as medidas de Bush representam uma séria ameaça à nova rodada de negociações sobre tarifas, lançada em Doha, em novembro passado. Moore, o diretor-geral da OMC, afirmou que "nuvens negras" pariram sobre o comércio mundial.
Nem o Canadá, tradicional aliado dos EUA, poupou críticas. Pierre Pettigrew, ministro do Comércio canadense, acusou os norte-americanos de destruir o sistema multilateral de comércio e disse que as conversas sobre a redução de barreiras estão em um "momento bastante delicado".
"O recado, durante o encontro, foi bastante claro", disse o primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, que presidiu o encontro. "Aqueles que precisavam escutá-lo certamente escutaram."
Os EUA negaram que suas ações sejam protecionistas e reafirmaram o compromisso com o livre comércio. Mas o país, ainda que voto vencido, foi contra a inclusão da palavra "protecionismo" na declaração final do encontro da OCDE.


Com "Financial Times"


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