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(DES)INTEGRAÇÃO
Quebra de contrato com petrolífera irrita americanos e põe fim a negociações para tratado de livre comércio
EUA desistem de acordo com o Equador
DA REDAÇÃO
O governo Bush anunciou ontem que encerrou as negociações
para um acordo de livre comércio
com o Equador. "Estamos muito
decepcionados. A partir de agora,
encerramos as nossas negociações com o país", afirmou Neena
Moorjani, porta-voz do USTr (órgão representante de comércio
nos Estados Unidos), referindo-se
à decisão tomada anteontem pelo
governo equatoriano de cancelar
contrato de operação da petrolífera americana Occidental no país.
A medida foi tomada em decorrência de disputa judicial iniciada
em 2004, na qual o governo equatoriano alegava que a Occidental
quebrara termos do contrato.
Em maio de 2004, os EUA iniciaram negociações com o Equador, Peru e Colômbia para a assinatura de um tratado de livre comércio. As negociações com o Peru terminaram com sucesso em
dezembro do ano passado e o
acordo com a Colômbia foi assinado em fevereiro. Os contratos
ainda devem passar pelo Congresso norte-americano.
"Para um país atrair investimentos e se tornar um parceiro
dos EUA, ele precisa obedecer às
regras de respeito aos investidores estrangeiros. Tratados de comércio são baseados nesse princípio", disse Moorjani.
Ontem o presidente do Equador, Alfredo Palacio, apoiou a decisão de seu ministro da Energia
de revogar o contrato de operação
da Occidental, o maior investidor
estrangeiro no país, e expropriar
US$ 1 bilhão em ativos da companhia de petróleo americana.
A medida, tomada semanas depois de o Equador instituir um
imposto de 50% sobre os "lucros
extraordinários" das companhias
de petróleo estrangeiras, poderá
levar a uma arbitragem internacional sobre o caso.
"O presidente apóia totalmente
a decisão do ministro neste caso",
disse ao "Financial Times" um
porta-voz de Palacio.
Petrobras candidata
O Equador fez uma lista de candidatos aos quais poderá oferecer
o contrato da Occidental, incluindo a Petrobras, a Petróleos de Venezuela, a Ecopetrol da Colômbia
e a Petróleos Mexicanos.
"Temos uma lista de companhias, e uma decisão será tomada
no curto prazo", disse José Modesto Apolo, o ministro da Administração Pública. Outra opção é
uma "aliança" com uma companhia estatal local, disse Modesto.
Ao anunciar a decisão de cancelar os contratos da Occidental anteontem, Ivan Rodríguez, ministro da Energia do Equador, disse
que a empresa havia transferido
inadequadamente uma participação de 40% em seus campos para
a EnCana do Canadá em 2000.
O governo sofreu intensa pressão para tomar medidas contra a
Occidental depois de protestos de
rua em Quito na semana passada.
Membros de esquerda do Congresso também haviam ameaçado processar Palacio por traição
se ele fizesse um acordo com a Occidental, que teria oferecido um
pacote de US$ 1,7 bilhão para garantir seus contratos de operação.
Walter Spurrier, um analista
político em Guaiaquil, disse que o
caso deve ser visto tanto no contexto internacional de crescente
nacionalismo sobre os recursos
em outros países andinos, como
Venezuela e Bolívia, quanto no
contexto doméstico das eleições
em outubro próximo. "Existe um
sentimento geral de nacionalismo, e atacar as companhias de petróleo sempre cai bem."
Fernando González, diretor da
companhia estatal Petroecuador,
foi aos escritórios da Occidental
ontem para assumir o controle
das operações da empresa no
país. "A partir de hoje, a Petroecuador está tomando posse efetiva dos campos", disse González.
A Occidental produz cerca de 100
mil barris/dia no Equador - a
produção diária do país é de 538
mil barris/dia. O país é o segundo
maior exportador de óleo cru da
América do Sul para os EUA.
A medida contra a Occidental
deve tornar quase impossível para
o Equador retomar um acordo
comercial com os EUA. Manuel
Chiriboga, o principal negociador
de Quito, disse que nas atuais
condições "o Equador não vai
voltar à mesa de negociação". Ele
afirmou que a questão agora está
nas mãos do próximo governo,
que assumirá em janeiro de 2007.
O fato foi lamentado por líderes
empresariais que dependem para
suas exportações das preferências
comerciais com os EUA - que
deverão expirar no fim deste ano.
Com agências internacionais
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