São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

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FolhaInvest

Turbulência testa perfil de risco do aplicador

Dicas ajudam a montar carteira de investimento adequada a cada estilo (moderado, agressivo ou conservador) e a evitar solavancos

Segundo especialistas, se a instabilidade do mercado traz apreensão ao aplicador, significa que o portfolio não foi bem escolhido no início

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A BM&FBovespa até ensaiou, no começo da semana passada, voltar a subir após baixas com as dúvidas sobre a crise europeia. Mas o ânimo com o socorro à Grécia deu lugar a novos temores e uma certeza: as turbulências não acabaram.
Assustados com os prejuízos sofridos, nestas horas muitos investidores pensam em reavaliar a composição da sua carteira de investimentos, trocando ativos e produtos arriscados por outros mais conservadores.
"Se essa vontade existe, é porque tinha alguma coisa errada no início. Quem perdeu o sono estava equivocado", diz Humberto Veiga, autor de "Tranquilidade Financeira - Saiba como Investir no Seu Futuro" (editora Saraiva).
A escolha dos lugares onde se vai colocar as economias pessoais ou familiares deve sempre levar em conta que certas opções -como a Bolsa de Valores- estão mais sujeitas a chacoalhões inesperados.
Por isso, essas opções devem ser consideradas somente no caso de os objetivos para aquele dinheiro serem de longo prazo, porque, caso seja necessário sacá-lo, as chances de perder dinheiro serão maiores.
O ponto fundamental a ser observado na hora de montar uma carteira de investimento é a análise do perfil de risco individual. "Primeiro, é preciso se conhecer", diz Silvio Paixão, professor da Fipecafi.
Isso significa saber de quanto dinheiro se dispõe para aplicar, em quanto tempo será feito o resgate, o destino final que será dado aos recursos e o momento de vida do investidor.
Ouvir ainda a opinião dos familiares é bastante indicado para evitar dissabores. Aí dá para quantificar quanto risco é possível correr.

Primeiros passos
De maneira geral, quanto mais longe estiver o prazo final para a utilização das economias, maior a parcela de recursos que pode ser colocada em aplicações de risco, aquelas que oscilam com grande frequência, como as ações de empresas.
De 20% a 25% da carteira pode ser reservado a tais aplicações, no caso de um investidor agressivo, aquele que gosta de emoções fortes (e que pode suportar, emocional e financeiramente, algumas perdas, pelo menos no curto prazo).
O moderado é o que prefere a segurança. Porém, entende que, para conseguir rendimentos melhores, precisa correr alguns riscos também.
Nessa situação, o que os analistas recomendam é deixar de 10% a 15% das reservas em aplicações arrojadas e entre 30% e 35% nas de médio risco, como os fundos multimercados, que colocam os recursos do investidor em diversos tipos de ativos ligados à Bolsa ou aos juros.
O conservador é aquele que não suporta levar sustos. Por isso, deve colocar quase a totalidade do seu dinheiro em aplicações de baixo risco.
Entre elas, estão os fundos de renda fixa ou DI e títulos públicos, que podem ser adquiridos pelo Tesouro Direto. Se quiser aumentar um pouco o seu retorno, o conservador pode destinar uma parcela pequena para aplicações de médio risco.

Receita básica
"Toda a estruturação de carteira só deve ser feita depois que a pessoa tem guardado um dinheiro para emergências", explica Rogério Bastos, sócio-diretor da consultoria FinPlan.
Essa reserva tem que corresponder a pelo menos seis meses de despesas domésticas e ser colocada em uma aplicação de baixo risco, que permita o resgate imediato pelo investidor, caso seja necessário.
"Poupança ou um fundo DI são boas alternativas. Só depois disso é que nasce o investidor de verdade", afirma Bastos.
Ainda segundo ele, ficar mudando a carteira de investimento quando o mercado está nervoso é temerário, porque é muito difícil acertar a hora de entrar e sair de uma aplicação. "O ideal é fazer uma escolha consciente e deixar o dinheiro se multiplicar", diz.


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