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INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Valor é três vezes e meia o faturamento da CSN em 97; ações da Pfizer subiram mais de 50% em 98
Viagra deve render até US$ 11 bi por ano
RICARDO GRINBAUM / CLÁUDIA PIRES
da Reportagem Local
A cápsula azul está virando ouro.
Médicos norte-americanos estão
aviando mais de 200 mil receitas
do Viagra -remédio que combate a impotência sexual- por semana. Os analistas financeiros
acreditam que, nesse ritmo, o medicamento vai render entre US$ 5
bilhões e US$ 11 bilhões por ano,
três vezes e meia o faturamento da
CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) no ano passado.
A Bolsa de Valores de Nova York
está eufórica com os avanços da
indústria farmacêutica. Desde o
início do ano, as ações da Pfizer,
laboratório que produz o Viagra,
subiram mais de 50%. Um pequeno laboratório, Entremed, viu o
preço de seus papéis aumentar sete vezes depois de descobrir a cura
do câncer -em ratos.
Wall Street adotou a indústria
farmacêutica como um de seus alvos prediletos, ao lado de empresas de tecnologia de ponta, como a
Microsoft. Um estudo do banco de
investimentos Smith Barney/Salomon Brothers projeta valorização
das ações dos oito maiores laboratórios em 12,4% acima da média
das 500 maiores empresas norte-americanas em 98.
A razão é que existe uma nova
geração de super-remédios fazendo bem aos cofres da indústria.
"Está ocorrendo uma revolução
tecnológica e econômica na indústria farmacêutica mundial",
diz Omilton Visconde, dono do
laboratório brasileiro Biosintética.
Os maiores laboratórios do
mundo investem US$ 2 bilhões
por ano, cada um, em pesquisas
de novos produtos. Eles contratam vencedores do Prêmio Nobel,
usam minirobôs e até pesquisam
substâncias em estações espaciais.
O resultado é que o tempo para a
descoberta de um novo medicamento está caindo de 10 a 15 anos,
para a metade. Com os avanços
nos conhecimentos de química e
biologia molecular, os cientistas
estão atirando direto no alvo.
"Há 30 anos, criar um novo medicamento era uma experiência de
tentativa e erro. Agora, os remédios são planejados para atacar
exatamente a etapa química em
que a doença se desenvolve", diz
Joaquim Prado, diretor médico da
Merck Sharp & Dome brasileira.
Considere os medicamentos
contra a úlcera de estômago. Há
30 anos, o tratamento para a
doença consistia em dieta, reza e a
mesa de operações. Na década de
70, surgiu um remédio, Tagamet,
que ameaçou o emprego dos cirurgiões. Seu reinado durou pouco.
O Tagamet foi logo ultrapassado
pelo Antak, que chegou a vender
mais de US$ 3 bilhões por ano.
Agora, é a vez da terceira geração.
O Losec promete menos efeitos
colaterais que os antecessores e está figurando como o remédio mais
vendido do mundo em 97.
"O objetivo de todos os laboratórios é criar um campeão de vendas", diz Elói Bosio, presidente da
Pharmacia Upjohn no Brasil. Chamados de arrasa-quarteirão nos
EUA, esses produtos fazem a diferença na concorrência.
Há cinco anos, as ações da Eli
Lilly valiam US$ 17 bilhões na Bolsa de Nova York. Graças a produtos como o antidepressivo Prozac,
o preço dos papéis é US$ 60 bilhões mais alto hoje em dia. O apelido de "pílula da felicidade" valeu, ao menos, para os acionistas.
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