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EFEITO DA CRISE
Serviço garante pagamento de dívidas em caso de perda do trabalho
Seguro paga conta de desempregado
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta do desemprego criou um
novo nicho de mercado para seguradoras e redes de varejo. Durante décadas menosprezado pelos brasileiros, o seguro contra desemprego, que garante a cobertura de parcelas de compras de mercadorias, imóveis ou de saldos de
cartões de crédito, no caso de o
cliente ser demitido, já movimenta uma carteira de R$ 350 milhões
no país. Seu potencial de mercado
é de R$ 1,5 bilhão.
"Houve um crescimento de cerca de 50% nas vendas de seguro-desemprego nos últimos 12 meses", afirma Júlio César Felipe, vice-presidente comercial da seguradora Canada Life. Segundo Felipe, cerca de 1 milhão de pessoas
utilizam atualmente o seguro,
contra 650 mil do ano passado.
"O mercado deve crescer muito
nos próximos anos. Existem 10
milhões de pessoas no Brasil que
se enquadram no perfil de clientes
potenciais para comprar o produto", afirma o executivo.
Grandes grupos financeiros, como o Citibank e a seguradora Cardif (ligada ao banco francês BNP
Paribas), se preparam para explorar mais esse mercado. "Devemos
fechar o ano com uma carteira de
R$ 20 milhões. Para 2003, a meta é
chegar a R$ 80 milhões", diz Ricardo Braga, presidente da Cardif.
A instituição trabalha com seguro-desemprego para lojas de
varejo como Casas Bahia, Magazine Luiza, a rede de hipermercados
e supermercados Wal-Mart e o
banco Volkswagen (financiamento de automóveis). Segundo Braga, essas empresas usam o seguro
para se precaver contra a inadimplência, enquanto os consumidores garantem a cobertura das despesas em caso de demissão.
"Estamos para fechar com um
grupo de bancos um contrato de
cobertura de saldos de cartões de
crédito. O que pode agregar mais
8,5 milhões de clientes à nossa
carteira", afirma Braga.
Nova mentalidade
O caso do Citibank é bastante
emblemático. O banco fez uma
tentativa de vender seguro-desemprego no Brasil há cerca de
dez anos, sem grandes resultados.
"O brasileiro não estava acostumado com a idéia de ficar desempregado durante muitos meses e
não aceitou bem o produto", diz
Umberto Fabbri, diretor de seguros do banco.
Atualmente, o Citibank possui
apenas mil clientes que ainda utilizam o seguro no antigo formato.
"No entanto, nos últimos meses
houve uma maior preocupação
com desemprego."
Um dos diferenciais que o banco pretende oferecer agora é a garantia de que o cliente que ficar
desempregado poderá usar durante cerca de três meses o limite
de crédito do cartão.
As taxas cobradas pelas instituições giram em torno de 3% do valor da parcela de uma mercadoria.
A construtora Brascan, por exemplo, garante a cobertura de até seis
prestações mensais na compra de
um apartamento, caso o comprador fique desemprego. A taxa para ter o seguro é de 3,12% do valor
das prestações. O seguro pode ser
acionado diversas vezes, desde
que haja um intervalo mínimo de
um ano entre as solicitações.
Nas Casas Bahia, o seguro é limitado a seis parcelas de R$ 100 e
inclui proteção contra invalidez
ou morte. Atende, porém, somente compradores de produtos
Brastemp e Consul e móveis. A
Folha apurou que o Ponto Frio
está para lançar um seguro semelhante nas suas lojas.
Para o diretor técnico do Dieese
(Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), Sérgio Mendonça, o
aumento da taxa de desemprego
de 8,9% para 20,4% na Grande
São Paulo, ocorrida ao longo de 14
anos, fez com que os brasileiros
passassem a se preocupar com o
assunto recentemente.
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