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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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Para Alencar, Brasil corre risco de recessão

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera do início de nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o vice-presidente da República, José Alencar, quebrou ontem a promessa de silêncio sobre o tema que impusera a si próprio e declarou que o Brasil pratica uma taxa de juros ""despropositada" e que o país corre o risco de entrar numa recessão.
As constantes críticas de Alencar à política monetária já provocaram mal-estar no governo.
"Temos uma dívida [pública] brutal, que está sendo rolada a uma taxa despropositada [26,5% ao ano]", disse Alencar, em discurso na Associação Comercial de São Paulo. "Não podemos aceitar que a economia brasileira seja submetida a condições tão desiguais diante de países com os quais tem que concorrer", afirmou, ao aludir que, nos EUA, o Fed (Federal Reserve) mantém a taxa básica de juros em 1,5% e que, na Europa, está em índices inferiores a 1%.
Em seu discurso, por três vezes, teceu elogios a Lula e ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, a quem chamou de corajoso por enfrentar a inflação, que estaria sob controle. Mas fez uma advertência: ""A economia brasileira não está em recessão, mas parada. Corremos grande risco de entrar em uma recessão".
O vice-presidente sustentou que a taxa de juros brasileira torna proibitivos investimentos no setor produtivo e afirmou que o atual governo herdou da gestão de Fernando Henrique Cardoso "um país encabrestado". ""Digo encabrestado, porque quando se coloca o cabresto, por mais forte que seja o animal, ele está dominado. Os mestres [economistas] preferem dizer limitações, mas limitação pode significar muita coisa, inclusive armadilha."
Mais tarde ao responder perguntar dos presentes, José Alencar sustentou que o atual nível de juros comprometem a solvência do país. "Com essas taxas não há superávit que tenha condição de fazer face aos juros de nossa dívida. Em respeito a nossos credores, inclusive aos nacionais, precisamos ajustar os juros a uma taxa real", afirmou o vice.


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