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Para Alencar, Brasil
corre risco de recessão
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na véspera do início de nova
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária), o vice-presidente da República, José Alencar,
quebrou ontem a promessa de silêncio sobre o tema que impusera
a si próprio e declarou que o Brasil pratica uma taxa de juros ""despropositada" e que o país corre o
risco de entrar numa recessão.
As constantes críticas de Alencar à política monetária já provocaram mal-estar no governo.
"Temos uma dívida [pública]
brutal, que está sendo rolada a
uma taxa despropositada [26,5%
ao ano]", disse Alencar, em discurso na Associação Comercial de
São Paulo. "Não podemos aceitar
que a economia brasileira seja
submetida a condições tão desiguais diante de países com os
quais tem que concorrer", afirmou, ao aludir que, nos EUA, o
Fed (Federal Reserve) mantém a
taxa básica de juros em 1,5% e
que, na Europa, está em índices
inferiores a 1%.
Em seu discurso, por três vezes,
teceu elogios a Lula e ao ministro
da Fazenda, Antônio Palocci Filho, a quem chamou de corajoso
por enfrentar a inflação, que estaria sob controle. Mas fez uma advertência: ""A economia brasileira
não está em recessão, mas parada.
Corremos grande risco de entrar
em uma recessão".
O vice-presidente sustentou que
a taxa de juros brasileira torna
proibitivos investimentos no setor produtivo e afirmou que o
atual governo herdou da gestão
de Fernando Henrique Cardoso
"um país encabrestado". ""Digo
encabrestado, porque quando se
coloca o cabresto, por mais forte
que seja o animal, ele está dominado. Os mestres [economistas]
preferem dizer limitações, mas limitação pode significar muita
coisa, inclusive armadilha."
Mais tarde ao responder perguntar dos presentes, José Alencar sustentou que o atual nível de
juros comprometem a solvência
do país. "Com essas taxas não há
superávit que tenha condição de
fazer face aos juros de nossa dívida. Em respeito a nossos credores,
inclusive aos nacionais, precisamos ajustar os juros a uma taxa
real", afirmou o vice.
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