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BC chinês eleva compulsório dos bancos
Alta foi de 0,5 ponto percentual, para 8%; medida vale a partir de 5 de julho e retirará de circulação cerca de US$ 18,8 bi
Temor é que o excesso de investimentos, alimentados pela alta do crédito, leve a um ritmo insustentável de crescimento da economia
DA REPORTAGEM LOCAL
Temeroso em relação à acelerada expansão do crédito e ao
perigo de pressões inflacionárias, o banco central da China
informou ontem que elevará o
depósito compulsório dos bancos em 0,5 ponto percentual.
Com isso, a reserva exigida para
a maioria dos bancos chineses
para depósitos na autoridade
monetária será de 8%.
A medida entrará em vigor
no dia 5 de julho e vai retirar de
circulação 150 bilhões de yuans
(US$ 18,8 bilhões), segundo o
banco central. Os bancos rurais
de cooperativas e cooperativas
rurais de crédito estão isentos
do aumento do compulsório.
Na medida em que reduz a
quantidade de dinheiro à disposição dos bancos, a decisão limita a possibilidade de as instituições financeiras concederem novos empréstimos.
Nos primeiros cinco meses
do ano, os bancos estatais chineses concederam novos financiamentos no valor de US$ 225
bilhões, o correspondente a
75% da meta fixada para todo o
ano. Os empréstimos alimentam o vertiginoso ritmo de
crescimento da economia, que
o governo teme que esteja superaquecida.
No primeiro trimestre deste
ano, o PIB (Produto Interno
Bruto) chinês teve expansão de
10,2%, índice semelhante aos
registrados em 2005 (9,9%) e
em 2004 (10,1%).
Superaquecimento
A decisão de ontem faz parte
de uma série de medidas adotadas pelo governo chinês desde
2004 para tentar conter o ritmo de crescimento do PIB.
Naquele ano, o banco central
elevou a taxa de juros pela primeira vez em quase uma década -ainda assim, em apenas
0,27 ponto percentual. Pouco
antes, já havia lançado mão da
elevação do compulsório dos
bancos. Os juros voltaram a subir há três meses, na mesma
proporção de 2004.
Em julho de 2005, o governo
chinês também decidiu abandonar o regime de câmbio fixo
que vigorou por dez anos e permitiu a valorização do yuan em
2,1% em relação ao dólar.
O temor do governo é que o
excesso de investimentos -alimentados pela elevação do crédito- leve a um ritmo insustentável de crescimento da economia. O excesso de investimentos pode gerar a produção
de bens em quantidade que a
demanda não tenha condições
de absorver. Se isso ocorrer, haverá redução brusca da atividade econômica, para ajustar a
produção à demanda.
"O índice de preços ao consumidor está relativamente baixo, mas, se o crescimento do
crédito continuar acelerado,
poderá estimular o aquecimento econômico e gerar risco de
inflação", informou em comunicado o governo chinês.
Com a medida, a autoridade
monetária também tenta reduzir o volume de créditos irrecuperáveis na carteira dos bancos
estatais. Analistas acreditam
que grande parte dos financiamentos é concedida sem a devida análise de risco e dificilmente serão pagos.
A decisão do BC chinês já era
esperada por analistas do mercado. "A economia nacional se
mantém relativamente estável
e com crescimento rápido e
tem um bom vigor, mas atualmente há alguns problemas
que chamam a atenção, como o
crescimento rápido demais dos
investimentos em renda fixa",
afirmou o BC o comunicado divulgado em seu site.
Medida derruba Bolsas
Apesar de esperada, a decisão
não foi bem recebida pelos
mercados. As Bolsas da Europa
fecharam em baixa, temerosas
de que as medidas provoquem
a desaceleração da economia
chinesa, que tem sido um dos
motores do avanço mundial.
A China importou, no ano
passado, US$ 660 bilhões em
mercadorias de outros países e
é o principal mercado para os
exportadores de commodities,
como minério de ferro e soja.
O índice das 300 principais
ações da Europa, o FTSEurofirst, caiu 0,63%, para 1.260
pontos. Em Frankfurt, o índice
DAX teve queda de 0,85%, para
5.376 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 recuou 0,63%, para
4.694 pontos.
"A oferta de dinheiro e o crescimento do crédito estão muito
rápidos. E o superávit comercial está subindo. O aumento
do depósito compulsório em
0,5 ponto tem o objetivo de restringir esse crescimento rápido", disse o governo chinês.
"O aumento do compulsório
ocorreu um pouco mais cedo
do que esperávamos. A maioria
dos economistas esperava a
adoção de medidas de aperto
monetário a partir do terceiro
trimestre, mas acho que a decisão é correta e isso é o melhor",
afirmou Cheng Manjiang, economista do Bank of China International, em Pequim.
Com agências internacionais
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