DA REPORTAGEM LOCAL

O sobe-e-desce do dólar se tornou uma tremenda dor de cabeça para as empresas. Na tentativa de se proteger contra as oscilações da moeda, há empresas que acabaram mais expostas ainda.
Análise de resultados de grupos privados de grande porte, no primeiro semestre, revela perdas contábeis que algumas companhias tiveram ao fazer operações de hedge (forma de tentar se proteger da oscilação da moeda).
Uma das maiores empresas do país em vendas, a AmBev informa que o custo de produção de sua cerveja -a empresa é dona das marcas Brahma, Skol e Antarctica- teria sido menor em R$ 29,2 milhões sem o efeito do hedge cambial. A perda é calculada apenas no segundo trimestre.
No caso dos refrigerantes -a companhia fabrica o guaraná Antarctica-, o custo também aumentou em R$ 11,8 milhões e não existiria se a empresa não tivesse feito a operação de proteção no mercado. A conclusão está na demonstração financeira da AmBev relativa ao período de abril a junho. O montante -no total foram R$ 41 milhões- corresponde à diferença entre a taxa de câmbio média no trimestre (R$ 2,99) e a taxa usada em contrato pela empresa no período (R$ 3,31).
No ano passado, a disparada no valor da moeda encareceu dívidas e insumos importados. Neste ano, foi a baixa do dólar que virou um problema. "Em 2002, quando o dólar disparou, muitas empresas perderam por não terem uma política de hedge bem estruturada. Agora o problema se inverteu", afirma Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
A Fosfértil é outra empresa que foi pega no contrapé pela queda do dólar. As operações de hedge feitas pela empresa representariam perda de R$ 24,9 milhões se os contratos fossem liquidados no último dia de junho.
Uma forma de fazer hedge é contratar dólares no mercado futuro. Um exemplo: a empresa compra um contrato futuro com vencimento em dezembro com o dólar projetado a R$ 3,30. Se o dólar estiver acima desse valor na data, a empresa ganha. Se estiver abaixo, ela perde. (AM E FV)


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