São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Impacto será pequeno no país, diz Mantega

Guido Mantega (Fazenda) afirmou que nenhum país ficou de fora dessa turbulência no mercado financeiro global, nem o Brasil. Ele acha, no entanto, que o país será pouco afetado pela crise. "Não estou dizendo que não será afetado, mas o impacto será pequeno."
Segundo Mantega, as repercussões dessa turbulência se darão principalmente nas Bolsas e nos mercados de câmbio e de juros. Ele afirma que a economia real do Brasil não irá sofrer efeitos da crise.
Mesmo se houver uma desaceleração da economia mundial, e o preço das commodities cair, Mantega diz que as exportações brasileiras podem até diminuir em um primeiro momento, mas esse efeito pode ser compensado com a desvalorização do real, que irá tornar os produtos manufaturados do país mais competitivos.
Mantega não vê riscos de uma ameaça inflacionária com a alta do dólar, já que esse movimento pode ser compensado com a queda de preços dos importados, caso a economia mundial se desacelere.
Mantega também não acredita que uma eventual queda das exportações do Brasil provoque uma desaceleração do crescimento do país. Isto porque, segundo ele, o crescimento está sendo sustentado pelo mercado interno, que tem se expandido com base no aumento da massa salarial e na alta do crédito.
Como não há sinais de a crise ter respingado nos bancos brasileiros, Mantega diz que o crédito deve continuar se expandindo na economia e dando fôlego para o crescimento do mercado interno.
O ministro diz, no entanto, que ainda é prematuro tirar conclusões sobre os efeitos da crise. Depende de muitos fatores, como o tempo de duração e a profundidade da turbulência. "Por enquanto, trata-se de um terremoto de três graus na escala Richter, que é incapaz ainda de provocar um tsunami", diz Mantega. Abalos de magnitude entre 6 e 6,9 na escala Richter são descritos como fortes. A maior pontuação já registrada foi 9,5. O abalo no Peru atingiu oito pontos.

"País pode ter perdido o momento"

Caso a crise financeira permaneça por muito tempo e venha a afetar diretamente o Brasil, o país pode ter perdido uma boa chance de investir em infra-estrutura.
Para Paulo Godoy, presidente da Abdib, "quando estamos em um ambiente econômico favorável, com estabilidade, crescimento mundial distribuído para todas as atividades produtivas, não podemos perder a oportunidade de investir, com recursos próprios ou captação externa, em infra-estrutura, que exige capital intensivo no longo prazo".
De acordo com Godoy, é preciso tirar uma lição desta crise: "o "céu de brigadeiro" não é perene, pois é sempre intercalado com tempestades. Por isso, é necessário aproveitar o momento bom, para desenvolver projetos com rapidez e qualidade para captar os recursos.
O presidente da Abidib afirma que, apesar de termos vivido, nos últimos anos, um crescimento econômico mundial extraordinário, infelizmente não promovemos ainda as ações necessárias para atrair grandes fluxos de investimento para a infra-estrutura.
Afirma, no entanto, que o atual momento ainda não oferece informações suficientemente confiáveis para apontar a intensidade e as conseqüências de tudo o que está acontecendo com os ativos ao redor do mundo.

Frase

"O "céu de brigadeiro" não é perene"
PAULO GODOY
presidente da Abdib


EXPORTAÇÕES 1: CRISE DEVE AFETAR VENDA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, DIZ FIESP
O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Carlos Cavalcanti, afirma que ainda é muito cedo para falar nos reais efeitos da crise dos mercados, mas cogita algumas hipóteses. Uma delas diz respeito à construção civil. "O maior produto de exportação de construção civil para os EUA são as chapas polidas de granito. O segundo item é a cerâmica para revestimento", diz. Para Cavalcanti, a crise "obviamente se inicia como um produto dos mercados financeiros", mas que deve ter conseqüências no mercado da economia real, na exportação de bens e produtos.

EXPORTAÇÕES 2: SETOR DIZ QUE NÃO SOFRERÁ COM TURBULÊNCIA EXTERNA
O presidente da Abramat (de materiais de construção), Melvyn Fox, não acredita que a crise deva afetar o setor fortemente. Segundo ele, cerca de 91,4% da indústria de material de construção é voltada para o mercado interno e quem exporta já vem sofrendo há bastante tempo com o câmbio. "Eu acredito que alguns setores, como os cerâmicos, podem ser afetados, mas não de uma forma que possamos dizer que será uma crise no mercado de materiais brasileiros", afirma.

PAPÉIS
Na indústria de papel e celulose, o clima é de serenidade. Segundo Horacio Lafer Piva, presidente da Bracelpa, (Associação Brasileira de Celulose e Papel), ser for afetada, será indiretamente, já que não tem IPOs preparados, está líquida e sua maturação é de longo prazo. "Eu penso que, nestas horas, ter ações desse setor fazem diferença em uma carteira que se pretenda segura", diz.

NO COMANDO
O executivo Livaldo Aguiar dos Santos é o novo diretor-presidente da Romi, de máquinas-ferramentas e injetoras de plástico. Santos foi eleito pelo Conselho de Administração da empresa para assumir o cargo exercido anteriormente por Américo Emílio Romi Neto, que permanece como presidente do Conselho. O novo presidente é formado em engenharia mecânica pela Unicamp e pós-graduado pela GE Corporate University, de Crottonville (NY), EUA. Sua experiência profissional inclui 15 anos de atuação em cargos de direção em empresas de engenharia, de bens de capital e de logística.

CONFECÇÃO
A crise financeira prova que "não era uma grande "balela" a idéia de que a apreciação cambial também é fruto de capital de aluguel que veio se beneficiar dos juros brasileiros". A opinião é de Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). No setor, a atual situação do câmbio, de acordo com ele, pode ser benéfica para as exportações, mas apenas em um primeiro momento. "Vai ser muito triste se, no Brasil, formos pegos por uma crise mundial agora que começamos a ter uma taxa de crescimento minimamente decente."

LARGADA
Será realizada no dia 26, em SP, a terceira edição da Corporate Run, corrida empresarial, com um número maior de corredores. Nesta edição, a Casas Bahia inscreveu mais de 500 pessoas -contra 200 do ano passado. Em segundo lugar no número de inscrições está o Pão de Açúcar, com 390, seguido da Itapemirim, com 132, e da Philips, com cem.

VERDE
A SOS Mata Atlântica reúne representantes das empresas integrantes do programa Florestas do Futuro para apresentar balanço do projeto no sábado.

DADOS
Para reforçar a sua atuação no Brasil, a Accentiv, agência e integradora de soluções de marketing de relacionamento da Accor Services, acaba de oficializar a aquisição da unidade de negócios de CRM, database marketing e fidelização, da brasileira Assesso. A empresa nacional é especialista em soluções tecnológicas para qualidade de dados. A iniciativa faz parte de um plano de aporte de investimentos de US$ 5 milhões que a Accentiv pretende realizar no período dos três próximos anos para consolidar a sua presença no Brasil e em outros países da América Latina.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

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