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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Impacto será pequeno no país, diz Mantega
Guido Mantega (Fazenda)
afirmou que nenhum país ficou
de fora dessa turbulência no
mercado financeiro global,
nem o Brasil. Ele acha, no entanto, que o país será pouco
afetado pela crise. "Não estou
dizendo que não será afetado,
mas o impacto será pequeno."
Segundo Mantega, as repercussões dessa turbulência se
darão principalmente nas Bolsas e nos mercados de câmbio e
de juros. Ele afirma que a economia real do Brasil não irá sofrer efeitos da crise.
Mesmo se houver uma desaceleração da economia mundial, e o preço das commodities
cair, Mantega diz que as exportações brasileiras podem até diminuir em um primeiro momento, mas esse efeito pode ser
compensado com a desvalorização do real, que irá tornar os
produtos manufaturados do
país mais competitivos.
Mantega não vê riscos de
uma ameaça inflacionária com
a alta do dólar, já que esse movimento pode ser compensado
com a queda de preços dos importados, caso a economia
mundial se desacelere.
Mantega também não acredita que uma eventual queda
das exportações do Brasil provoque uma desaceleração do
crescimento do país. Isto porque, segundo ele, o crescimento
está sendo sustentado pelo
mercado interno, que tem se
expandido com base no aumento da massa salarial e na alta do crédito.
Como não há sinais de a crise
ter respingado nos bancos brasileiros, Mantega diz que o crédito deve continuar se expandindo na economia e dando fôlego para o crescimento do
mercado interno.
O ministro diz, no entanto,
que ainda é prematuro tirar
conclusões sobre os efeitos da
crise. Depende de muitos fatores, como o tempo de duração e
a profundidade da turbulência.
"Por enquanto, trata-se de um
terremoto de três graus na escala Richter, que é incapaz ainda de provocar um tsunami",
diz Mantega. Abalos de magnitude entre 6 e 6,9 na escala
Richter são descritos como fortes. A maior pontuação já registrada foi 9,5. O abalo no Peru
atingiu oito pontos.
"País pode ter perdido o momento"
Caso a crise financeira permaneça por muito tempo e venha a afetar diretamente o Brasil, o país pode ter perdido uma
boa chance de investir em infra-estrutura.
Para Paulo Godoy, presidente da Abdib, "quando estamos
em um ambiente econômico
favorável, com estabilidade,
crescimento mundial distribuído para todas as atividades produtivas, não podemos perder a
oportunidade de investir, com
recursos próprios ou captação
externa, em infra-estrutura,
que exige capital intensivo no
longo prazo".
De acordo com Godoy, é preciso tirar uma lição desta crise:
"o "céu de brigadeiro" não é perene, pois é sempre intercalado
com tempestades. Por isso, é
necessário aproveitar o momento bom, para desenvolver
projetos com rapidez e qualidade para captar os recursos.
O presidente da Abidib afirma que, apesar de termos vivido, nos últimos anos, um crescimento econômico mundial
extraordinário, infelizmente
não promovemos ainda as
ações necessárias para atrair
grandes fluxos de investimento
para a infra-estrutura.
Afirma, no entanto, que o
atual momento ainda não oferece informações suficientemente confiáveis para apontar
a intensidade e as conseqüências de tudo o que está acontecendo com os ativos ao redor do
mundo.
Frase
"O "céu de
brigadeiro" não
é perene"
PAULO GODOY
presidente da Abdib
EXPORTAÇÕES 1: CRISE DEVE AFETAR VENDA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, DIZ FIESP
O diretor do Departamento de Relações Internacionais e
Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Carlos Cavalcanti, afirma que ainda é muito cedo para falar nos reais efeitos da
crise dos mercados, mas cogita algumas hipóteses. Uma delas diz respeito à construção civil. "O maior produto de exportação de construção civil para os EUA são as chapas polidas de granito. O segundo item é a cerâmica para revestimento", diz. Para Cavalcanti, a crise "obviamente se inicia
como um produto dos mercados financeiros", mas que deve
ter conseqüências no mercado da economia real, na exportação de bens e produtos.
EXPORTAÇÕES 2: SETOR DIZ QUE NÃO SOFRERÁ COM TURBULÊNCIA EXTERNA
O presidente da Abramat (de materiais de construção),
Melvyn Fox, não acredita que a crise deva afetar o setor fortemente. Segundo ele, cerca de 91,4% da indústria de material de construção é voltada para o mercado interno e quem
exporta já vem sofrendo há bastante tempo com o câmbio.
"Eu acredito que alguns setores, como os cerâmicos, podem
ser afetados, mas não de uma forma que possamos dizer que
será uma crise no mercado de materiais brasileiros", afirma.
PAPÉIS
Na indústria de papel e celulose, o clima é de serenidade. Segundo Horacio Lafer Piva, presidente da Bracelpa,
(Associação Brasileira de Celulose e Papel), ser for afetada, será indiretamente, já que não tem IPOs preparados,
está líquida e sua maturação é de longo prazo. "Eu penso
que, nestas horas, ter ações desse setor fazem diferença
em uma carteira que se pretenda segura", diz.
NO COMANDO
O executivo Livaldo
Aguiar dos Santos é o novo
diretor-presidente da Romi,
de máquinas-ferramentas e
injetoras de plástico. Santos
foi eleito pelo Conselho de
Administração da empresa
para assumir o cargo exercido anteriormente por Américo Emílio Romi Neto, que
permanece como presidente
do Conselho. O novo presidente é formado em engenharia mecânica pela Unicamp e pós-graduado pela
GE Corporate University, de
Crottonville (NY), EUA. Sua
experiência profissional inclui 15 anos de atuação em
cargos de direção em empresas de engenharia, de bens
de capital e de logística.
CONFECÇÃO
A crise financeira prova
que "não era uma grande
"balela" a idéia de que a apreciação cambial também é
fruto de capital de aluguel
que veio se beneficiar dos juros brasileiros". A opinião é
de Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit
(Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). No setor, a atual situação do câmbio, de acordo
com ele, pode ser benéfica
para as exportações, mas
apenas em um primeiro momento. "Vai ser muito triste
se, no Brasil, formos pegos
por uma crise mundial agora
que começamos a ter uma
taxa de crescimento minimamente decente."
LARGADA
Será realizada no dia 26,
em SP, a terceira edição da
Corporate Run, corrida empresarial, com um número
maior de corredores. Nesta
edição, a Casas Bahia inscreveu mais de 500 pessoas
-contra 200 do ano passado. Em segundo lugar no número de inscrições está o
Pão de Açúcar, com 390, seguido da Itapemirim, com
132, e da Philips, com cem.
VERDE
A SOS Mata Atlântica reúne representantes das empresas integrantes do programa Florestas do Futuro
para apresentar balanço do
projeto no sábado.
DADOS
Para reforçar a sua atuação no Brasil, a Accentiv,
agência e integradora de soluções de marketing de relacionamento da Accor Services, acaba de oficializar a
aquisição da unidade de negócios de CRM, database
marketing e fidelização, da
brasileira Assesso. A empresa nacional é especialista em
soluções tecnológicas para
qualidade de dados. A iniciativa faz parte de um plano de
aporte de investimentos de
US$ 5 milhões que a Accentiv pretende realizar no período dos três próximos
anos para consolidar a sua
presença no Brasil e em outros países da América
Latina.
com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA
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