|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AVIAÇÃO
Perdas de R$ 238,1 mi superam em 145% as do mesmo período de 2001; empresa reduzirá frota e devolverá Fokker-100
TAM tem prejuízo recorde e demite 524
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A TAM surpreendeu ontem o mercado ao anunciar o pior balanço de sua história. O prejuízo recorde no segundo trimestre deste ano somou R$ 238,1 milhões, desempenho 145% pior que as perdas de R$ 97,26 milhões do
mesmo período do ano passado.
Seu presidente, Daniel Martin, disse que reduzirá a frota de
aviões, devolvendo 21 unidades do modelo Fokker-100. A empresa dispensará 524 dos 8.000 funcionários nesse processo.
No dia 30 de agosto, dois Fokker-100 da empresa tiveram de fazer pousos forçados no Brasil.
Martin negou que a reestruturação da companhia esteja relacionada a problemas técnicos da aeronave, que deixou de ser fabricada em 1996 e representa hoje cerca de 60% da frota da empresa em
atividade.
"Estamos fazendo o ajuste com
a coragem necessária para enfrentar a atual situação de crise na
aviação e na economia do país",
afirmou.
Martin disse que o Fokker-100 é
um avião seguro. "Decidimos devolver 21 dos 50 Fokker-100 com
os quais trabalhamos para reduzir
a oferta de assentos de nossa companhia."
Segundo ele, a meta da TAM é
diminuir em 12% a oferta de assentos para enfrentar a crise.
"Nossa frota de Airbus, por outro
lado, vai aumentar de 45 para 53
aviões até o final do ano."
As 524 dispensas a serem efetuadas nos próximos dias pela
TAM atingirão 300 comissários
de bordo e 158 pilotos.
Crise na empresa
A TAM vive uma crise sem precedentes desde sua fundação, em
1986. A morte de seu fundador,
Rolim Amaro, em um desastre de
helicóptero no ano passado, sua
frota de Fokker-100 (um avião
que não é mais fabricado) e a crise
na aviação brasileira e mundial
deixaram para trás um período
considerado por especialistas como brilhante.
A Folha apurou que alguns executivos da companhia não estão
satisfeitos com o estilo mais conservador adotado por Martin,
genro de Rolim, para tocar os negócios da TAM.
Martin disse que está determinado a colocar a empresa de novo
no azul. "O prejuízo de R$ 223,1
milhões no primeiro semestre de
2002 se deve principalmente à alta
do dólar. Estamos reestruturando
a companhia para voltarmos a ter
lucro ainda neste ano."
O faturamento da TAM nos seis
primeiros meses de 2002 foi melhor que o do mesmo período do
ano anterior. A receita passou de
R$ 1,3 bilhão para R$ 1,5 bilhão.
"O que causou o prejuízo foram
as despesas afetadas pela alta do
dólar, que representam 60% dos
nossos custos."
Somente com o arrendamento
de aviões, a empresa gasta US$ 20
milhões por mês. Martin negou
que a guerra de tarifas em abril e
maio de 2002 tenha levado a empresa a reduzir seus preços em relação a 2001.
"Ampliamos, porém, o leque de
bilhetes com preços proporcionais. Foi um ajuste com o mercado, e não diria que não faria isso novamente", afirmou Martin.
BNDES e Varig
Martin afirmou que a TAM tem trocado informações com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre o mercado de aviação e poderá recorrer a um pedido de injeção de capital, como fez a Varig.
"Mas não fizemos nenhum pedido formal nesse sentido." Ele negou que a TAM e a Varig tenham planos para se unir.
Texto Anterior: Uso da água: Agência inicia cadastramento de empresas Próximo Texto: Aéreas devem ter perdas de US$ 5 bi em 2002 Índice
|