São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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AVIAÇÃO

Perdas de R$ 238,1 mi superam em 145% as do mesmo período de 2001; empresa reduzirá frota e devolverá Fokker-100

TAM tem prejuízo recorde e demite 524

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A TAM surpreendeu ontem o mercado ao anunciar o pior balanço de sua história. O prejuízo recorde no segundo trimestre deste ano somou R$ 238,1 milhões, desempenho 145% pior que as perdas de R$ 97,26 milhões do mesmo período do ano passado.
Seu presidente, Daniel Martin, disse que reduzirá a frota de aviões, devolvendo 21 unidades do modelo Fokker-100. A empresa dispensará 524 dos 8.000 funcionários nesse processo.
No dia 30 de agosto, dois Fokker-100 da empresa tiveram de fazer pousos forçados no Brasil. Martin negou que a reestruturação da companhia esteja relacionada a problemas técnicos da aeronave, que deixou de ser fabricada em 1996 e representa hoje cerca de 60% da frota da empresa em atividade.
"Estamos fazendo o ajuste com a coragem necessária para enfrentar a atual situação de crise na aviação e na economia do país", afirmou.
Martin disse que o Fokker-100 é um avião seguro. "Decidimos devolver 21 dos 50 Fokker-100 com os quais trabalhamos para reduzir a oferta de assentos de nossa companhia."
Segundo ele, a meta da TAM é diminuir em 12% a oferta de assentos para enfrentar a crise. "Nossa frota de Airbus, por outro lado, vai aumentar de 45 para 53 aviões até o final do ano."
As 524 dispensas a serem efetuadas nos próximos dias pela TAM atingirão 300 comissários de bordo e 158 pilotos.

Crise na empresa
A TAM vive uma crise sem precedentes desde sua fundação, em 1986. A morte de seu fundador, Rolim Amaro, em um desastre de helicóptero no ano passado, sua frota de Fokker-100 (um avião que não é mais fabricado) e a crise na aviação brasileira e mundial deixaram para trás um período considerado por especialistas como brilhante.
A Folha apurou que alguns executivos da companhia não estão satisfeitos com o estilo mais conservador adotado por Martin, genro de Rolim, para tocar os negócios da TAM.
Martin disse que está determinado a colocar a empresa de novo no azul. "O prejuízo de R$ 223,1 milhões no primeiro semestre de 2002 se deve principalmente à alta do dólar. Estamos reestruturando a companhia para voltarmos a ter lucro ainda neste ano."
O faturamento da TAM nos seis primeiros meses de 2002 foi melhor que o do mesmo período do ano anterior. A receita passou de R$ 1,3 bilhão para R$ 1,5 bilhão. "O que causou o prejuízo foram as despesas afetadas pela alta do dólar, que representam 60% dos nossos custos."
Somente com o arrendamento de aviões, a empresa gasta US$ 20 milhões por mês. Martin negou que a guerra de tarifas em abril e maio de 2002 tenha levado a empresa a reduzir seus preços em relação a 2001.
"Ampliamos, porém, o leque de bilhetes com preços proporcionais. Foi um ajuste com o mercado, e não diria que não faria isso novamente", afirmou Martin.

BNDES e Varig
Martin afirmou que a TAM tem trocado informações com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre o mercado de aviação e poderá recorrer a um pedido de injeção de capital, como fez a Varig.
"Mas não fizemos nenhum pedido formal nesse sentido." Ele negou que a TAM e a Varig tenham planos para se unir.


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