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BRINQUEDOS
Varejistas pressionam e empresas já aceitam vender até metade da produção com a possibilidade de retorno
Indústria amplia vendas em consignação
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para colocar seus produtos nas
prateleiras no Dia das Crianças, a
indústria de brinquedos aceitou
até vender metade da mercadoria
em consignação. Nesse caso, existe a possibilidade de o brinquedo
voltar aos estoques da indústria
caso o varejo não consiga comercializar a quantidade entregue.
A Abrinq, que representa os fabricantes, calcula que cerca de
50% dos itens negociados seguem
esse modelo de venda. A consignação é uma prática comum de
mercado, o que chama a atenção é
o tamanho do negócio.
Em algumas negociações, as redes varejistas pressionam os fabricantes, normalmente os de pequeno porte e com menor poder
de barganha, a aceitar a venda em
consignação. Com isso, chegam a
vender mais da metade de sua linha dentro desse modelo.
Fabricantes que são líderes de
mercado vendem às lojas uma
quantidade menor de forma consignada - modelo criticado por
alguns fornecedores pois gera um
certo desequilíbrio na cadeia do
setor. "Empresas sem muita tradição optam mais pela consignação para aproveitar a oportunidade da data", diz Paulo Benzatti,
gerente de vendas da Gulliver, que
comercializa cerca de 20% de sua
produção em consignação.
Na visão da indústria, o problema está no varejo usar essa estratégia para pressionar o resto do
mercado a fazer o mesmo. Esse
setor é extremamente concentrado: as 15 maiores redes de varejo
são donas de 75% das vendas de
brinquedos no país.
Segundo a Folha apurou, redes
varejistas de grande porte têm recebido entre 20% e 25% dos brinquedos neste Dia das Crianças em
consignação.
A Ri-Happy, cadeia varejista especializada, diz que não faz isso.
Existe a chance de vender os itens
durante o ano, e não apenas em
eventos como o Dia das Crianças.
Com isso, ela não precisa devolver
o produto em janeiro -quando
normalmente já percebeu-se que
o produto consignado virou encalhe e é necessário devolvê-lo. No
varejo, a devolução de itens comprados para o Dia das Crianças
ocorre no início do ano.
"Não devolvemos porque não é
preciso. Recebemos neste ano um
número de peças 8% maior do
que no ano passado e acreditamos que o tíquete médio (valor
médio obtido em cada venda)
atinja R$ 45, um pouco inferior ao
do ano passado", disse Ricardo
Sayon, presidente da Ri-Happy.
A Abrinq informa que em 2002
os pedidos foram 4% superiores
ao do Dia das Crianças de 2001.
"Acreditamos num crescimento
de vendas de 9% nas lojas que já
tínhamos no ano passado", diz
Fabiana Formigone, coordenadora de compras do Extra.
Para manter as encomendas, a
indústria conseguiu entregar uma
"cesta" de brinquedos -com
produtos que são "commodities"
no setor como bonecas e carrinhos- com preços 4% inferiores
aos do ano passado.
Os lançamentos, entretanto,
tanto de itens nacionais como de
importados, subiram de preço devido ao dólar. Isso ocorreu por
causa dos insumos cotados em
moeda estrangeira, como o plástico. Pelas contas da Abrinq, neste
ano a subida do dólar causou um
aumento no valor do plástico de
38,5%. E o preço do brinquedo,
em geral, subiu 8%.
Para não repassar o aumento, e
até dar descontos, a indústria afirma que está reduzindo ligeiramente sua margem de lucro.
Mesmo com boas previsões, as
devoluções de itens no varejo
ocorrem se algum produto não
atingir a meta de vendas.
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