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SOCORRO
Governo anuncia hoje pacote de financiamento de R$ 200 mi para a compra de fogões e geladeiras; dinheiro virá do FAT
Consumo de eletrodoméstico terá estímulo
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ajudar a indústria automobilística ao reduzir a cobrança de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na venda de
carros, o governo anuncia hoje
um socorro aos fabricantes de eletrodomésticos.
Os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda) e Jaques Wagner
(Trabalho) assinam uma portaria
para a abertura de uma linha de
crédito de R$ 200 milhões neste
ano para estimular a venda de
produtos da linha branca (fogão,
geladeira e máquina de lavar) e televisores. Esses empréstimos poderão chegar a R$ 400 milhões,
dependendo da procura.
O financiamento foi confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Cartagena, onde teve encontro com o presidente da
Colômbia, Alvaro Uribe.
"Já criamos um financiamento
de microcrédito", disse Lula. "Vamos agora criar um crédito para a
chamada linha branca, para financiar geladeiras e fogões, que é
um setor que está meio abalado."
Lula afirmou ainda que o governo está "preparando um Modecarga para financiar [a compra
de] caminhões, [assim como] fizemos o acordo da indústria automobilística".
Ligação direta
Os empréstimos serão concedidos diretamente aos consumidores e estarão limitados a R$ 800
por pessoa. Os juros serão de
2,53% ao mês, e o prazo do pagamento, de até 36 meses.
Em contrapartida, o presidente
da Eletros (Associação Nacional
de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Paulo Saab, irá assinar um documento com o compromisso de as empresas do setor
não demitirem nem aumentarem
preços até dezembro.
Os recursos virão do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador) e
serão distribuídos pelo Banco do
Brasil e pela CEF (Caixa Econômica Federal). Inicialmente, a linha de crédito será de R$ 100 milhões para cada uma das duas instituições financeiras.
Os empréstimos serão obtidos
nas agências dos dois bancos oficiais. Os consumidores interessados precisarão abrir uma conta
simplificada (sem tarifas ou saldo
médio), desenhada inicialmente
para aproximar a população de
baixa renda do sistema bancário.
Os setores de eletroeletrônicos e
eletrodomésticos foram uns dos
mais atingidos pela crise no mercado interno. No primeiro semestre, as vendas de produtos da linha branca, portáteis e de imagem e som caíram 13,19% em relação ao mesmo período do ano
passado.
A linha branca foi a mais atingida, com uma queda de 17,71% no
período. No setor de imagem e
som, a queda foi de 12,88%, e, nos
portáteis, a retração foi de 9,84%.
Paulo Saab, presidente da Eletros, espera que a nova linha a ser
criada hoje pelo governo ajude o
setor a recuperar essas perdas.
"Nós estávamos caminhando para o terceiro ano de queda consecutiva nas vendas de eletroeletrônicos", diz Saab.
Em 2001, a queda das vendas de
eletroeletrônicos foi de 5,75%, e,
em 2002, de 2,05%. Para este ano,
o setor esperava uma recuperação, mas o quadro só se agravou.
De acordo com pesquisa do Ministério do Trabalho, os juros cobrados pelos bancos para empréstimos aos produtos de linha
branca giram, em média, em torno de 7% ao mês -mínimo de
5% e máximo de 12%. O prazo para o pagamento desses empréstimos varia de 12 a 15 meses.
As negociações entre o governo
e o setor de eletroeletrônicos começaram ainda em agosto, logo
depois do anúncio da redução do
IPI para a compra de automóveis.
Desconto em folha
O governo também anunciará
hoje as regras para trabalhadores
tomarem empréstimo com garantia de desconto no contracheque. O mecanismo será instituído
por medida provisória e regulamentado por decreto.
Com o desconto na folha de pagamento, que deve diminuir a
inadimplência, a expectativa do
governo é a de redução no custo
dos empréstimos. O valor dos recursos tomados não poderá ultrapassar entre três e cinco vezes a
renda líquida do trabalhador.
Além disso, as prestações (que serão fixas) não poderão ficar acima
de 30% do salário líquido do funcionário.
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