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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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SOCORRO

Governo anuncia hoje pacote de financiamento de R$ 200 mi para a compra de fogões e geladeiras; dinheiro virá do FAT

Consumo de eletrodoméstico terá estímulo

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ajudar a indústria automobilística ao reduzir a cobrança de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na venda de carros, o governo anuncia hoje um socorro aos fabricantes de eletrodomésticos.
Os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Jaques Wagner (Trabalho) assinam uma portaria para a abertura de uma linha de crédito de R$ 200 milhões neste ano para estimular a venda de produtos da linha branca (fogão, geladeira e máquina de lavar) e televisores. Esses empréstimos poderão chegar a R$ 400 milhões, dependendo da procura.
O financiamento foi confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Cartagena, onde teve encontro com o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe.
"Já criamos um financiamento de microcrédito", disse Lula. "Vamos agora criar um crédito para a chamada linha branca, para financiar geladeiras e fogões, que é um setor que está meio abalado."
Lula afirmou ainda que o governo está "preparando um Modecarga para financiar [a compra de] caminhões, [assim como] fizemos o acordo da indústria automobilística".

Ligação direta
Os empréstimos serão concedidos diretamente aos consumidores e estarão limitados a R$ 800 por pessoa. Os juros serão de 2,53% ao mês, e o prazo do pagamento, de até 36 meses.
Em contrapartida, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Paulo Saab, irá assinar um documento com o compromisso de as empresas do setor não demitirem nem aumentarem preços até dezembro.
Os recursos virão do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador) e serão distribuídos pelo Banco do Brasil e pela CEF (Caixa Econômica Federal). Inicialmente, a linha de crédito será de R$ 100 milhões para cada uma das duas instituições financeiras.
Os empréstimos serão obtidos nas agências dos dois bancos oficiais. Os consumidores interessados precisarão abrir uma conta simplificada (sem tarifas ou saldo médio), desenhada inicialmente para aproximar a população de baixa renda do sistema bancário.
Os setores de eletroeletrônicos e eletrodomésticos foram uns dos mais atingidos pela crise no mercado interno. No primeiro semestre, as vendas de produtos da linha branca, portáteis e de imagem e som caíram 13,19% em relação ao mesmo período do ano passado.
A linha branca foi a mais atingida, com uma queda de 17,71% no período. No setor de imagem e som, a queda foi de 12,88%, e, nos portáteis, a retração foi de 9,84%.
Paulo Saab, presidente da Eletros, espera que a nova linha a ser criada hoje pelo governo ajude o setor a recuperar essas perdas. "Nós estávamos caminhando para o terceiro ano de queda consecutiva nas vendas de eletroeletrônicos", diz Saab.
Em 2001, a queda das vendas de eletroeletrônicos foi de 5,75%, e, em 2002, de 2,05%. Para este ano, o setor esperava uma recuperação, mas o quadro só se agravou.
De acordo com pesquisa do Ministério do Trabalho, os juros cobrados pelos bancos para empréstimos aos produtos de linha branca giram, em média, em torno de 7% ao mês -mínimo de 5% e máximo de 12%. O prazo para o pagamento desses empréstimos varia de 12 a 15 meses.
As negociações entre o governo e o setor de eletroeletrônicos começaram ainda em agosto, logo depois do anúncio da redução do IPI para a compra de automóveis.

Desconto em folha
O governo também anunciará hoje as regras para trabalhadores tomarem empréstimo com garantia de desconto no contracheque. O mecanismo será instituído por medida provisória e regulamentado por decreto.
Com o desconto na folha de pagamento, que deve diminuir a inadimplência, a expectativa do governo é a de redução no custo dos empréstimos. O valor dos recursos tomados não poderá ultrapassar entre três e cinco vezes a renda líquida do trabalhador. Além disso, as prestações (que serão fixas) não poderão ficar acima de 30% do salário líquido do funcionário.


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