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Pacote do BNDES prevê crédito de cerca de R$ 3 bi (com carência de quatro anos) para capitalizar 24 distribuidoras
Conta de luz é garantia em ajuda a elétricas
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva anunciou ontem os detalhes do seu segundo
pacote de ajuda ao setor elétrico
-uma linha de crédito de estimados R$ 3 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para capitalizar 24 empresas de distribuição
de energia elétrica controladas
por nove grupos econômicos.
Segundo técnicos do BNDES
que trabalharam na montagem
do pacote, para se proteger do risco de inadimplência o banco exigirá das distribuidoras que seus
recebíveis (as contas de luz) sejam
as principais garantias dos empréstimos. Em caso de não-pagamento, o dinheiro das contas vai
para o banco estatal.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, disse que o valor pode ser
maior ou menor que os R$ 3 bilhões previstos. O número de empresas beneficiadas poderá chegar a 25, se a Eletropaulo, que não
estava entre as habilitadas ao socorro, conseguir se habilitar.
O governo já tinha decidido liberar R$ 1,9 bilhão de recursos do
Tesouro Nacional, a serem repassados pelo BNDES, para compensar as distribuidoras por não terem repassado integralmente aos
consumidores a variação da energia comprada da hidrelétrica de
Itaipu, cotada em dólar.
Além dos dois pacotes, o
BNDES também anunciou a renegociação de seu crédito de US$ 1,2
bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões)
com a AES, controladora da Eletropaulo, decorrente de empréstimos feitos para a compra de ações
da distribuidora paulista. Do sucesso dessa renegociação depende a habilitação da Eletropaulo à
capitalização.
O pacote foi anunciado ontem
pela ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, e pelo presidente
do BNDES, Carlos Lessa. Tem o
objetivo de livrar as distribuidoras da pressão do endividamento
de curto prazo, que soma de R$ 8
bilhões a R$ 9 bilhões, segundo levantamento do BNDES.
As empresas que obtiverem os
recursos, na forma de aquisição
de títulos (debêntures) conversíveis em ações, terão dez anos para
pagar, sendo quatro de carência.
Os juros serão equivalentes à variação da TJLP (taxa de juros de
longo prazo, hoje fixada em 12%
ao ano), mais 4% anuais.
Segundo a ministra "o endividamento de curto prazo é responsável por uma situação de imobilidade do setor", uma vez que as
distribuidoras representam a
ponta de ligação entre o conjunto
das empresas do setor elétrico e os
consumidores finais.
Até 50%
Pelas regras de acesso à capitalização definidas pelo banco, os
controladores das distribuidoras
deverão transformar em capital
todo crédito que tiverem com a
controlada. O BNDES calcula que
os créditos somem R$ 2 bilhões,
sendo cerca de R$ 1,2 bilhão da
francesa EDF com sua controlada
Light Serviços de Eletricidade
(distribuidora do Rio de Janeiro).
O BNDES está exigindo também que a empresa interessada
no socorro consiga renegociar pelo menos 30% das dívidas de curto prazo (até um ano). Essas dívidas terão que ser renegociadas
por prazo de três anos, sendo 12
meses de carência.
Para conseguir do BNDES o
máximo possível (50% da dívida
de curto prazo), a empresa terá
que obter dos credores a renegociação dos outros 50% ou mais, já
que o modelo não admite que a
parcela do BNDES seja superior à
que venha a ser renegociada com
os bancos privados.
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