São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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TRABALHO

Número de pessoas ocupadas no setor sobe pelo 3º mês consecutivo, porém em ritmo menor; folha de pagamento fica estável

Emprego industrial cresce; renda estaciona

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O emprego na indústria continuou em expansão em julho, embora num ritmo um pouco menor do que o dos meses anteriores, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a recuperação do rendimento dos empregados do setor perdeu fôlego.
O número de pessoas ocupadas aumentou 0,2% de junho para julho, na comparação livre de efeitos sazonais (típicos de cada período). Em junho, o crescimento havia sido maior: 0,5%. A folha de pagamento do setor ficou estável -em junho, a alta fora de 0,7%.
De acordo com o IBGE, o crescimento da produção, especialmente de bens duráveis (eletroeletrônicos e automóveis) -cujas vendas são beneficiadas pela maior oferta de crédito- e de artigos de exportação, sustenta a melhora do mercado de trabalho industrial em 2003.
A boa notícia de julho foi que ramos mais voltados para o mercado interno, como alimentos e bebidas, sinalizaram uma reação.
Há três meses consecutivos, o total de pessoas empregadas na indústria sobe. No acumulado dos sete primeiros meses de 2003, o aumento foi de 0,5%. Na comparação com julho de 2003, o crescimento foi de 2,3%, em parte por causa da fraca base de comparação do ano passado, quando o país vivia os efeitos do forte ajuste fiscal e da elevação dos juros a partir do final de 2002.
A folha de pagamento (soma de todos salários, benefícios e horas extras) aumentou 8,3% em relação a julho de 2003 -nesse caso, o determinante para a expansão é a inflação mais baixa deste ano. No ano, o rendimento acumula uma alta de 9%.
"É um dado positivo porque mostra a continuidade na trajetória de expansão do emprego industrial, mas é natural que, depois de crescer por dois meses [maio e junho], a velocidade seja um pouco menor", afirmou André Macedo, economista do Departamento de Indústria do IBGE.
Prova disso, de acordo com Macedo, é que no acumulado dos três últimos meses, período de crescimento contínuo do emprego, a alta é expressiva: 1,7%.
Para Fábio Romão, economista da LCA, os dados de 2003 revelam uma melhora do mercado de trabalho, puxada principalmente pelo emprego, cuja recuperação começou antes (em janeiro deste ano) do que a da renda.
Os níveis de ocupação e mais recentemente do rendimento na indústria, diz Romão, estão voltando aos registrados no início de 2001, quando o país sofreu com o racionamento de energia. Os resultados atuais são melhores do que os de 2002 e 2003.
No caso da renda, o que pode explicar a desaceleração deste mês é a alta recente da inflação e seu poder de corroer os salários. Romão afirmou, no entanto, que ainda é cedo para se possa confirmar essa hipótese.
Os setores que mais empregaram de janeiro a julho foram os de máquinas e equipamentos (crescimento de 13% em comparação com julho de 2003) e alimentos e bebidas (2,3%). A maior queda ocorreu no setor de vestuário (-10,1%), ramo mais direcionado ao mercado doméstico e intensivo em mão-de-obra.


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