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TRABALHO
Número de pessoas ocupadas no setor sobe pelo 3º mês consecutivo, porém em ritmo menor; folha de pagamento fica estável
Emprego industrial cresce; renda estaciona
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O emprego na indústria continuou em expansão em julho, embora num ritmo um pouco menor
do que o dos meses anteriores, informou ontem o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a recuperação do rendimento dos empregados do setor
perdeu fôlego.
O número de pessoas ocupadas
aumentou 0,2% de junho para julho, na comparação livre de efeitos sazonais (típicos de cada período). Em junho, o crescimento
havia sido maior: 0,5%. A folha de
pagamento do setor ficou estável
-em junho, a alta fora de 0,7%.
De acordo com o IBGE, o crescimento da produção, especialmente de bens duráveis (eletroeletrônicos e automóveis) -cujas
vendas são beneficiadas pela
maior oferta de crédito- e de artigos de exportação, sustenta a
melhora do mercado de trabalho
industrial em 2003.
A boa notícia de julho foi que
ramos mais voltados para o mercado interno, como alimentos e
bebidas, sinalizaram uma reação.
Há três meses consecutivos, o
total de pessoas empregadas na
indústria sobe. No acumulado
dos sete primeiros meses de 2003,
o aumento foi de 0,5%. Na comparação com julho de 2003, o
crescimento foi de 2,3%, em parte
por causa da fraca base de comparação do ano passado, quando o
país vivia os efeitos do forte ajuste
fiscal e da elevação dos juros a
partir do final de 2002.
A folha de pagamento (soma de
todos salários, benefícios e horas
extras) aumentou 8,3% em relação a julho de 2003 -nesse caso,
o determinante para a expansão é
a inflação mais baixa deste ano.
No ano, o rendimento acumula
uma alta de 9%.
"É um dado positivo porque
mostra a continuidade na trajetória de expansão do emprego industrial, mas é natural que, depois
de crescer por dois meses [maio e
junho], a velocidade seja um pouco menor", afirmou André Macedo, economista do Departamento
de Indústria do IBGE.
Prova disso, de acordo com Macedo, é que no acumulado dos
três últimos meses, período de
crescimento contínuo do emprego, a alta é expressiva: 1,7%.
Para Fábio Romão, economista
da LCA, os dados de 2003 revelam
uma melhora do mercado de trabalho, puxada principalmente pelo emprego, cuja recuperação começou antes (em janeiro deste
ano) do que a da renda.
Os níveis de ocupação e mais recentemente do rendimento na indústria, diz Romão, estão voltando aos registrados no início de
2001, quando o país sofreu com o
racionamento de energia. Os resultados atuais são melhores do
que os de 2002 e 2003.
No caso da renda, o que pode
explicar a desaceleração deste
mês é a alta recente da inflação e
seu poder de corroer os salários.
Romão afirmou, no entanto, que
ainda é cedo para se possa confirmar essa hipótese.
Os setores que mais empregaram de janeiro a julho foram os de
máquinas e equipamentos (crescimento de 13% em comparação
com julho de 2003) e alimentos e
bebidas (2,3%). A maior queda
ocorreu no setor de vestuário
(-10,1%), ramo mais direcionado
ao mercado doméstico e intensivo em mão-de-obra.
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