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Para Lula, crise americana "será quase imperceptível" no Brasil
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise econômica nos Estados Unidos foi tema de reunião
da coordenação política do governo e até alvo de brincadeira
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, ontem. Ao ser questionado por jornalistas, pela manhã, sobre o tema, Lula respondeu: "Pergunte ao Bush [George Bush, presidente dos Estados Unidos]". Diante da insistência dos jornalistas se a crise
afetaria a economia brasileira,
Lula complementou, com tranqüilidade: "Até agora, não".
Tranqüilidade foi a palavra
usada por Lula e pelo ministro
Guido Mantega (Fazenda) durante todo o dia. O presidente
afirmou que a crise americana,
mesmo que se agrave, "será
quase imperceptível" no Brasil,
principalmente se comparada a
outros momentos da economia
brasileira, porque o crescimento do país está sendo impulsionado pelo mercado interno.
"Obviamente que tendo uma
recessão nos Estados Unidos
muito profunda, essa recessão
pode atingir o mundo inteiro.
Ela pode atingir, mas atingirá o
Brasil menos do que em qualquer outro momento. Eu diria
muito menor [do que na década
de 90], quase imperceptível",
enfatizou.
Segundo Lula, a redução da
dependência comercial com os
Estados Unidos favorece o Brasil neste momento de crise. "Tínhamos uma balança comercial que significava quase 30%
com os Estados Unidos, hoje
significa 15%."
Ele afirmou que o país tem
"um colchão importante" que
são os US$ 205 bilhões de reservas internacionais e citou o
fato de as exportações brasileiras terem entrado em outros
mercados como a Ásia e o
Oriente Médio, e de não serem
mais tão dependentes dos Estados Unidos.
Mesmo minimizando os reflexos da crise americana no
Brasil, o presidente disse que
está acompanhando seus desdobramentos com "tranqüilidade", mas também de forma
"atenta".
Lula disse ter considerado
surpreendente o tamanho da
crise e comentou que ninguém
consegue ainda ter a real dimensão de seus efeitos.
"Tenho conversado com
muitos presidentes, com muitos primeiros-ministros, ninguém tem clareza ainda [da crise] porque todo dia nós temos
uma surpresa", disse. Segundo
o presidente, essas "surpresas"
demonstram que "o cassino
imobiliário era muito maior do
que a gente podia imaginar".
Na reunião de coordenação,
da qual participaram sete ministros, Mantega fez uma exposição dos motivos da crise americana. Ficou acertado que haverá encontros semanais de
Lula com a área econômica do
governo até que a crise arrefeça
e também uma reunião, ainda
nesta semana, entre Lula e o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
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