São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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DESTINO VERDE-AMARELO

Seis em cada dez visitantes estrangeiros em 2003 escolheram o Brasil por indicação de parentes e amigos

Propaganda boca a boca atrai mais turistas

DA REDAÇÃO

Seis em cada dez turistas que vieram do exterior ao Brasil no ano passado escolheram o país por informações que recebem de parentes e amigos.
O dado consta em pesquisa anual encomendada pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) sobre o perfil do turista estrangeiro que visita o Brasil. A taxa de 61,9% de influência de amigos é a maior desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1999.
Quem mais fica em média no país são os italianos e os alemães: 19,4 e 19,3 dias em média, respectivamente. Os americanos aparecem como os que mais gastam, com média de US$ 106,56 por dia de permanência. E os alemães são os que mais vêm para visitar familiares e amigos: 31,6%.
O levantamento dá pistas de quem são os principais alvos a serem atingidos e como.
Tome-se como exemplo o turista inglês. Ele tem a segunda maior renda per capita entre os estrangeiros que vêm ao país (US$ 44.571,06/ano), gasto acima da média global (US$ 89,16 por dia), fica mais dias do que a média (16,9) é o que mais se influencia por televisão (15,6%) e revista (7,8%) e o que menos decide vir ao Brasil por aquilo que vê em catálogos (2,6%). Ou seja, é um turista -qualificado- para quem as campanhas em revistas e televisão funcionam.
Usada para embasar os investimentos em atração de turistas estrangeiros, a pesquisa ainda traz outros dados curiosos acerca do viajante de fora que passeia no país. Por exemplo: o que os visitantes mais reclamaram no ano passado foi da sinalização turística, e não da segurança pública, item que apareceu em terceiro lugar como problema de infra-estrutura do país.
A segurança sempre fora citada como principal problema pelos visitantes. E as cenas de ataque a turistas em praias do Rio de Janeiro deve prejudicar o trabalho que o Brasil vem fazendo para atrair viajantes.
"Ajudar, nunca ajuda", disse Márcio Favilla, secretário-executivo do Ministério do Turismo sobre o assunto. Apesar disso, ele relatou que a ocupação dos hotéis cariocas no feriado de Nossa Senhora Aparecida chegou a 72%. "Uma taxa boa para um meio de semestre", afirmou.

Investimento
Para promoção do Brasil como destino turístico internacional, o Ministério do Turismo investiu neste ano R$ 43,1 milhões até agosto. O valor já supera o total aplicado anualmente desde 1999.
Por promoção, segundo Favilla, deve-se entender não só campanha publicitária em si como também presença em feiras internacionais do setor, viabilização de vôos charters, escritórios de turismo montados em Lisboa, Paris, Londres, Nova York e Frankfurt.
Para Leonel Rossi Jr., da Abav (agências de viagem), a promoção do Brasil no exterior está bem melhor. "Ainda falta muito, mas está muito maior."
Os hotéis também sentem a melhora vinda de fora. "O turista interno propiciou pequeno crescimento, não significativo. A melhora é mais por conta da vinda de mais turistas estrangeiros", disse Luiz Carlos Nunes, presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis).
No final do ano passado, entrou em operação uma linha de financiamento especial para o setor, para investimento em equipamentos e infra-estrutura, com o aporte de R$ 200 milhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), disse Frederico Costa, diretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimento do Ministério do Turismo. "Esperamos esgotar esses recursos num futuro próximo", diz ele, sem definir, no entanto, exatamente o prazo.

Metas
Já há metas sendo alcançadas: a assessoria de imprensa da Embratur informou que, até agosto, foi acertada a realização de 22 feiras e congressos internacionais no Brasil nos próximos anos -a meta era conseguir atrair 20 eventos nos contatos ao longo do ano.
Mas ainda há muito o que fazer. Dados de 2002 da OMT (Organização Mundial do Turismo) mostram o Brasil na 40ª posição entre os países com maior quantidade de turistas estrangeiros e apenas 0,53% do fluxo mundial. É o país mais visitado da América do Sul, mas ainda longe dos números do México, por exemplo, com 19,6 milhões de visitantes naquele ano, ante 3,783 milhões no Brasil.
E, segundo a OMT, 10% do PIB mundial está concentrado em torno de atividades turísticas como um todo -aí incluído tanto o de negócio quanto o de lazer. No Brasil, ainda não há um levantamento preciso, mas Favilla diz que há estimativas preliminares de que o turismo represente de 3,5% a 5,5% do PIB brasileiro. Ou seja, uma participação bem menor na economia nacional do que na do mundo.
O Plano Nacional de Turismo define como meta registrar, em 2007, a entrada de 9 milhões de turistas estrangeiros no país, o ingresso de US$ 8 bilhões e, com isso, a geração de 1,2 milhão de postos de trabalho.
Para ter uma idéia do salto pretendido, no ano passado o Brasil teve 4,1 milhões de turistas internacionais, que registraram o ingresso de US$ 3,4 bilhões.
(FABÍOLA SALANI)


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