São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

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Sinais de desaceleração chegam à China, e bancos reduzem previsão de crescimento

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O crescimento da economia chinesa vai se desacelerar nos próximos meses graças à crise na União Européia e nos EUA, principais destinos das suas exportações, segundo o economista sênior do Banco Mundial em Pequim, Louis Kujis.
Economistas reduziram as estimativas de crescimento da China na última semana. Ainda que o Banco Central chinês estime em 9% o avanço do PIB em 2009, bancos como Standard Chartered e o Royal Bank of Scotland prevêem que ele não chegará a 8% -o menor crescimento em uma década. Em 2007, o PIB cresceu 11,9%.
Há sinais de desaceleração da construção civil e do mercado imobiliário e queda de mais de 60% na Bolsa de Xangai neste ano. A China é a quarta maior economia do mundo e é a única entre as grandes que deve crescer muito em 2008/2009, então uma desaceleração pronunciada de seu crescimento tem efeitos globais. Ela importa mais de US$ 1 trilhão por ano.
A crise financeira, que teve impacto limitado no país, fez ontem sua primeira vítima. A Chinalco, estatal que é maior produtora de alumínio da China, comprou 12% da gigante mineradora australiana Rio Tinto, por US$ 14 bilhões, ao lado da americana Alcoa. O depósito da transação estava com o falido Lehman Brothers.
Segundo o jornal britânico "Daily Telegraph", o governo de Pequim está intercedendo com os liquidadores em Hong Kong. A Chinalco não se pronunciou. As ações da Rio Tinto valem agora metade do que os chineses pagaram. A empresa pode ter grandes perdas.
Já o sistema bancário chinês foi pouco afetado por conta de seu fechado sistema financeiro, com controle de capitais e da baixa exposição de seus bancos a investimentos no exterior.

Exportações em queda
A China anunciou que as exportações de setembro foram 21,2% maiores que no mesmo mês do ano passado. Mas, quando se ajustam os valores para a inflação anual e para a apreciação do yuan, a moeda chinesa, nota-se que o volume exportado foi 0,5% menor. São necessários mais dólares para comprar os mesmos yuans - a moeda chinesa se desvalorizou em 15% em relação ao dólar.
O setor exportador chinês crescia anualmente de 20% a 30% nos últimos cinco anos.
"A turbulência pode ter relativamente um grande impacto nas exportações. Estamos alerta", disse o ministro do Comércio, Gao Huicheng.
Para tentar reanimar o consumidor chinês a comprar imóveis, duas das maiores cidades do país anunciaram ontem medidas. Em Xangai, foram anunciadas linhas de crédito que podem chegar a 600 mil yuans (R$ 200 mil). Em Hangzhou, capital de Província de Zhejiang, quem comprar apartamentos caros (o valor ainda não foi anunciado) receberá a permissão legal de residência para a sua família (casal e filho).
Outras metrópoles, como Guangzhou e Nanjing, já haviam anunciado medidas para o mercado imobiliário.


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