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Citigroup perde US$ 20 bi e corta 23 mil empregos
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Numa crise em que não se
passa um dia sem más notícias,
ontem foi a vez de dois gigantes
do mercado bancário anunciarem suas perdas mais recentes.
O Citigroup teve perda de US$
2,8 bilhões no terceiro trimestre deste ano e acumula prejuízo de US$ 20,2 bilhões desde
julho de 2007 -no início da crise. O banco de investimento
Merrill Lynch apresentou um
buraco ainda maior no terceiro
trimestre, de US$ 5,2 bilhões.
Anteontem, o JPMorgan
anunciou um lucro 84% menor
no último trimestre. O Wells
Fargo também teve queda, de
24%. Na semana anterior, o
Bank of America já havia puxado a fila com uma redução de
68% nos seus ganhos.
Pela ordem dos ativos, os
quatro maiores bancos dos
EUA são JPMorgan (US$ 2,25
trilhões), Citigroup (US$ 2,05
trilhões), Bank of America
(US$ 1,83 trilhão) e Wells Fargo
(US$ 622 bilhões). Cada um vai
receber US$ 25 bilhões de injeção de dinheiro público no programa de restauração da confiança no mercado promovido
pelo governo dos EUA.
O Citi parece neste momento
ser um dos mais fragilizados
entre os quatro grandes. Foi o
único a registrar perdas -os rivais diretos só tiveram lucros
menores. Desde o início do ano,
o Citi já cortou 23 mil empregos. Recentemente, tentou adquirir o Wachovia, mas foi derrotado pelo Wells Fargo.
Enquanto o Citi encolhe, outros dois grandes aumentaram
de tamanho. O JPMorgan adquiriu, em março, o Bear
Stearns, o primeiro banco de
investimento a ter problemas
na atual crise, e, mais recentemente, o Washington Mutual.
O Bank of America levou no
mês passado o Merrill Lynch.
No seu comunicado oficial, o
Citi menciona brevemente
suas operações na América Latina e no Brasil. Diz que os custos do crédito na região cresceram 65% no terceiro trimestre,
"refletindo uma perda líquida
de US$ 118 milhões". Essa alta
do custo do crédito foi motivada "pela contínua deterioração
do ambiente creditício no México e no Brasil".
Pacote de salvamento
O secretário do Tesouro (ministro da Fazenda) dos Estados
Unidos, Henry Paulson, disse
ontem que há muitos bancos
dispostos a entrar no programa
de resgate do governo federal.
O plano prevê a compra, pelo
Estado, de ações de instituições
financeiras em dificuldades.
"Nós conseguimos nove bancos aderindo inicialmente e vamos ampliar bastante. E, você
sabe, nós temos interesse num
bom número de outros bancos", disse Paulson para a emissora de TV Fox Business.
Há um pouco de controvérsia
nesse programa de resgate, pois
as instituições precisam aceitar
várias condições para receberem a injeção de recursos. Em
público, os grandes bancos que
já aderiram se mantêm favoráveis, mas nos bastidores sinalizam não estarem satisfeitos.
Também há dúvidas dentro
do próprio governo sobre a eficácia do programa. A presidente do FDIC (agência garantidora dos depósitos bancários),
Sheila Bair, afirmou ao jornal
"The Wall Street Journal" que
as medidas tomadas têm sido
voltadas para o "nível institucional [os bancos]", mas "são os
tomadores de empréstimo que
estão sem conseguir pagar as
suas prestações".
Ela se referia ao fato de os milhões de pessoas que não estão
conseguindo pagar as prestações de seus imóveis ainda não
terem recebido atenção direta
do governo. Mais do que uma
crítica, a declaração de Bair expôs um pouco mais o nível de
divergência existente dentro da
administração de George W.
Bush sobre como debelar a
atual crise.
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