São Paulo, Quarta-feira, 17 de Novembro de 1999
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PREÇOS
Maior pressão é das carnes
Cesta básica vai a R$ 133, o recorde no Plano Real

ALESSANDRA KIANEK
da Redação

O custo da cesta básica voltou a subir e bateu novo recorde no Plano Real. Ontem, os paulistanos pagaram R$ 133,03 pelos produtos da cesta básica. É o maior valor desde o início do Real, quando a cesta custava R$ 106,40. A cesta acumula alta de 25,03%.
A inflação medida pela Fipe no mesmo período é de 75,85%. O salário mínimo subiu 109,91%.
O recorde anterior havia sido registrado no dia 16 de março deste ano (R$ 132,29), devido aos reflexos da desvalorização do real.
A pesquisa da cesta básica é feita diariamente em 70 supermercados de São Paulo pelo Procon/ Dieese. Ela é composta por 31 produtos divididos em três grupos: alimentos, produtos de limpeza e produtos de higiene pessoal. Os alimentos têm o maior peso no valor da cesta, com 80%. Já os produtos de limpeza e os de higiene pessoal pesam 10% cada.
Desde o início do Real, os alimentos subiram 22,9%; os produtos de limpeza, 39,6%; e os de higiene pessoal, 28,2%. Os produtos que mais subiram foram o alho (86%), a carne de primeira (78,7%) e a de segunda (55,4%).
Segundo a diretora de estudos e pesquisas do Procon, Vera Marta Junqueira, não dá para prever se a cesta vai continuar a subir. Para ela, o importante é que os consumidores passem a atuar como parte reguladora do mercado.
"Os consumidores devem comprar pelos menores preços e dar preferência a outras marcas para impedir que ocorra um aumento sem causa", aconselha Vera.
Após o pico de março deste ano, o custo da cesta básica começou a subir a partir de setembro, quando foi registrada alta de 3,59% no mês. Em outubro, subiu 3,96%. Até ontem, a cesta já acumulava alta de 1,89% neste mês.
Os produtos que estão pressionando a cesta nesse período são as carnes e seus derivados, o frango, o açúcar e o papel higiênico.
As carnes subiram devido à entressafra. Já o frango, além de acompanhar o aumento do boi, vem subindo devido aos altos custos de produção, verificados no aumento do preço do milho.
O papel higiênico vem sofrendo reajustes devido ao aumento de preço do papel e da celulose no mercado internacional.
Para a coordenadora do Dieese da pesquisa da cesta básica, Cornélia Nogueira Porto, esses aumentos vêm da pressão de custos que estão sendo repassados para os produtos. Para ela, o custo deve subir nos próximos dias devido à expectativa de crescimento da demanda por conta do 13º salário e da alta do número de empregos criados nesta época do ano.



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