São Paulo, Quarta-feira, 17 de Novembro de 1999
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Medida não deve afetar o Brasil, dizem economistas

da Reportagem Local

A alta dos juros nos EUA não deve afetar o Brasil, na opinião de cinco analistas ouvidos pela Folha. Eles acham que o aumento da taxa não ameaça a disponibilidade de capitais para os países em desenvolvimento.
Para o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, a medida já havia sido absorvida nos cálculos do mercado. "O Fed (banco central dos EUA) agiu bem, já que se antecipou a um eventual aumento da inflação. Seria pior se o aumento viesse depois de uma explosão inflacionária nos EUA."
De acordo com o economista Odair Abate, do banco Lloyds, a medida tranquiliza os investidores porque não há sinais de uma alta da inflação que justifique um novo aumento nos juros.
"Foi uma ação preventiva e não há perspectiva de nova alta. Os juros voltaram ao patamar de antes da crise da Rússia, o que não chega a ameaçar os países em desenvolvimento", disse Abate.
Para André Lóes, economista do Bozano, Simonsen, as maiores preocupações estão no cenário interno, tais como a cotação do dólar, a inflação e as medidas fiscais discutidas no Congresso.
"A alta dos juros nos EUA dificulta um pouco a competição pelos investimentos no mercado externo, mas não prejudica muito, pois há um otimismo em relação ao Brasil", declarou Lóes.
As maiores ameaças para a economia brasileira no cenário externo, segundo Mauro Schneider, do banco ING, seriam uma forte recessão ou uma explosão da inflação norte-americana, que levaria o Fed a determinar um aumento mais forte nas taxas de juros.
"Esses riscos estão afastados pelos próximos meses. Os EUA estão crescendo mais do que o esperado, e a inflação está por volta de 2,5% ao ano, dentro da média histórica norte-americana."
Na avaliação de Marcelo Allain, do banco InterAmerican Express, a mudança de tendência anunciada pelo Fed, de viés de alta para neutro, torna a perspectiva mais positiva para a economia mundial, já que afasta o medo de uma subida da taxa no curto prazo.
"Além disso, o Banco Central brasileiro está mais preocupado com a inflação interna do que com o cenário internacional."


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