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Medida não deve afetar o Brasil, dizem economistas
da Reportagem Local
A alta dos juros nos EUA não
deve afetar o Brasil, na opinião de
cinco analistas ouvidos pela Folha. Eles acham que o aumento da
taxa não ameaça a disponibilidade de capitais para os países em
desenvolvimento.
Para o ex-presidente do Banco
Central Gustavo Loyola, a medida
já havia sido absorvida nos cálculos do mercado. "O Fed (banco
central dos EUA) agiu bem, já que
se antecipou a um eventual aumento da inflação. Seria pior se o
aumento viesse depois de uma explosão inflacionária nos EUA."
De acordo com o economista
Odair Abate, do banco Lloyds, a
medida tranquiliza os investidores porque não há sinais de uma
alta da inflação que justifique um
novo aumento nos juros.
"Foi uma ação preventiva e não
há perspectiva de nova alta. Os juros voltaram ao patamar de antes
da crise da Rússia, o que não chega a ameaçar os países em desenvolvimento", disse Abate.
Para André Lóes, economista
do Bozano, Simonsen, as maiores
preocupações estão no cenário
interno, tais como a cotação do
dólar, a inflação e as medidas fiscais discutidas no Congresso.
"A alta dos juros nos EUA dificulta um pouco a competição pelos investimentos no mercado externo, mas não prejudica muito,
pois há um otimismo em relação
ao Brasil", declarou Lóes.
As maiores ameaças para a economia brasileira no cenário externo, segundo Mauro Schneider, do
banco ING, seriam uma forte recessão ou uma explosão da inflação norte-americana, que levaria
o Fed a determinar um aumento
mais forte nas taxas de juros.
"Esses riscos estão afastados pelos próximos meses. Os EUA estão crescendo mais do que o esperado, e a inflação está por volta de
2,5% ao ano, dentro da média histórica norte-americana."
Na avaliação de Marcelo Allain,
do banco InterAmerican Express,
a mudança de tendência anunciada pelo Fed, de viés de alta para
neutro, torna a perspectiva mais
positiva para a economia mundial, já que afasta o medo de uma
subida da taxa no curto prazo.
"Além disso, o Banco Central
brasileiro está mais preocupado
com a inflação interna do que
com o cenário internacional."
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