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Litro do álcool pode voltar a R$ 1,50 em SP
Com a chegada da entressafra, oferta cai e preços sobem; neste mês, combustível já subiu 9% na bomba na capital paulista
Na usina, alta acumulada no mês é de 27,6%, segundo o Cepea; álcool é vantajoso quando custa até 70%
do preço da gasolina
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Os tempos de preços baixos
do álcool estão acabando. Pelo
menos por este ano. Com a chegada da entressafra, a oferta de
álcool é menor e as usinas paulistas já começam a reajustar os
preços do produto.
O varejo acompanha essa elevação das usinas e também já
coloca novos valores para o
combustível nas bombas dos
postos.
Ontem, o Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP,
mostrou novas altas para o álcool na semana, de 8,62% para
o anidro e de 4,3% para o hidratado. No mês, as altas acumuladas nas usinas são de 26,3% e
de 27,6%, respectivamente.
Pesquisa semanal da Folha
aponta alta de 8,9% nas bombas dos postos da capital paulista neste mês. Só nesta semana, o reajuste foi de 4,5%.
E o consumidor pode esperar por novas altas. Nas contas
de Plinio Nastari, da Datagro,
empresa especializada no setor
sucroalcooleiro, o consumidor
de São Paulo deve se preparar
para pagar valores médios de
R$ 1,50 por litro na bomba.
Em outros Estados, esses valores serão ainda maiores, já
que São Paulo tem os preços
mais acessíveis devido à logística de distribuição e à tributação de apenas 12% do ICMS.
A pesquisa de ontem da Folha indicou preço médio de R$
1,245 por litro, acima do R$
1,143 do final de outubro.
Mesmo com essas altas, não
se espera que o álcool supere
R$ 1 por litro nas usinas, o que
ocorreu nas safras anteriores.
Na avaliação de Nastari, o álcool anidro -misturado à gasolina- pode ficar próximo de R$
0,95. Já o hidratado deve subir
para cerca de R$ 0,88. Esses valores não contêm impostos.
Estoque curto
O setor tem 6 bilhões de litros em estoque e, com a produção deste mês e a antecipação
da safra de 2008, terá, até o final de abril, 9,3 bilhões de litros, conforme apurou a Folha.
Desse volume, 1 bilhão de litros já está acertado para exportação. Restam 8,3 bilhões
para o consumo interno nos
próximos seis meses.
As contas, no ritmo atual de
consumo, não fecham, já que só
em outubro foi consumido 1,54
bilhão de litros e este mês e o
próximo ainda são períodos de
forte demanda. É preciso uma
queda de pelo menos 200 milhões de litros por mês para o
mercado se equilibrar.
Consumo
Antonio de Padua Rodrigues,
da Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar), e Nastari
concordam: o consumo, a partir de agora, vai ser determinado pelo ritmo dos preços.
"Se o ajuste não for feito agora, vai ser ainda mais forte à
frente", diz Padua. Para ele, o
mercado vai chegar a um ponto
de equilíbrio.
Acostumados aos baixos preços do álcool nesta safra (os
menores em quatro anos), muitos consumidores, principalmente os de fora do Estado de
São Paulo, vão ter de colocar
gasolina em seus carros flex.
Para os paulistas, o produto,
mesmo com as previsíveis altas, ainda deve ser competitivo
em relação à gasolina -o álcool
é vantajoso quando custa até
70% do preço da gasolina.
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