São Paulo, segunda, 17 de novembro de 1997.




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Medidas contra a crise são adotadas desde maio

da Reportagem Local

Embora adotasse um discurso tranquilizador, desde meados de maio o governo vem adotando medidas para tentar evitar a saída desenfreada de dólares do país e, como consequência, a desvalorização cambial.
A entrada de dólares no país é a forma do país financiar seu crescente déficit em transações correntes, que hoje corresponde a US$ 33,389 bilhões (últimos 12 meses).
As transações correntes contabilizam algumas relações do país com o exterior, como exportações, importações, pagamentos de juros da dívida externa, pagamentos de fretes, royalties e despesas com turismo no exterior, entre outros.
No final de maio, por exemplo, o CMN (Conselho Monetário Nacional) autorizou a aplicação de recursos captados no exterior em títulos emitidos pelo Banco Central corrigidos de acordo com a variação cambial.
Assim, naquela época, o investidor que captava dólares no exterior a um custo entre 7,5% e 9% ao ano, poderia aplicá-los no país com um ganho de aproximadamente 10,5% ao ano.
No início de setembro, quando o mercado enfrentava uma onda de nervosismo decorrente da crise cambial asiática, o BC vendeu cerca de R$ 500 milhões em títulos com variação cambial -uma forma de tranquilizar o mercado quanto à possibilidade de desvalorização acentuada do real.
Ainda em setembro, o BNDESPar (empresa de participações acionárias do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que iria lançar opções de compra de ações da Telebrás, com vencimento em fevereiro de 1998, a R$ 132.
O anúncio serviu para "acalmar" o mercado acionário brasileiro, que tem na Telebrás o seu pilar de sustentação.
Quando ocorreu o crash das principais Bolsas no mundo, o nervosismo dos investidores em relação ao Brasil ganha força e o BC foi obrigado a realizar, em um único dia (28/10), sete leilões de dólares, a vender títulos cambiais e a reduzir a zero a remuneração dos depósitos em dólares que os bancos são obrigados a fazer.
Dois dias após a forte intervenção no mercado, a instituição promove o choque dos juros, elevando as taxas básicas da economia.
Além disso, o Tesouro Nacional é forçado a lançar títulos com prazo de vencimento mais curto, de 81 dias. Os investidores estavam relutantes em adquirir títulos com prazo mais longo.
Com a insistente saída de dólares do país mesmo após o choque dos juros, o governo edita um pacote de 51 medidas para cortar gastos e aumentar a arrecadação, no valor de US$ 20 bilhões.
O BC também reduz os prazos mínimos para captação e renovação de empréstimos externos, o que é bem aceito pelas instituições financeiras. O governo ainda permite empresas a recomprarem até 10% de suas ações em circulação (o limite era 15%). Por último, o governo editou medida provisória com novas regras para o IR.



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