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Medidas contra a crise são adotadas desde maio
da Reportagem Local
Embora adotasse um discurso
tranquilizador, desde meados de
maio o governo vem adotando
medidas para tentar evitar a saída
desenfreada de dólares do país e,
como consequência, a desvalorização cambial.
A entrada de dólares no país é a
forma do país financiar seu crescente déficit em transações correntes, que hoje corresponde a
US$ 33,389 bilhões (últimos 12
meses).
As transações correntes contabilizam algumas relações do país
com o exterior, como exportações,
importações, pagamentos de juros
da dívida externa, pagamentos de
fretes, royalties e despesas com turismo no exterior, entre outros.
No final de maio, por exemplo, o
CMN (Conselho Monetário Nacional) autorizou a aplicação de
recursos captados no exterior em
títulos emitidos pelo Banco Central corrigidos de acordo com a variação cambial.
Assim, naquela época, o investidor que captava dólares no exterior a um custo entre 7,5% e 9% ao
ano, poderia aplicá-los no país
com um ganho de aproximadamente 10,5% ao ano.
No início de setembro, quando o
mercado enfrentava uma onda de
nervosismo decorrente da crise
cambial asiática, o BC vendeu cerca de R$ 500 milhões em títulos
com variação cambial -uma forma de tranquilizar o mercado
quanto à possibilidade de desvalorização acentuada do real.
Ainda em setembro, o BNDESPar (empresa de participações
acionárias do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) anunciou que iria lançar
opções de compra de ações da Telebrás, com vencimento em fevereiro de 1998, a R$ 132.
O anúncio serviu para "acalmar" o mercado acionário brasileiro, que tem na Telebrás o seu pilar de sustentação.
Quando ocorreu o crash das
principais Bolsas no mundo, o
nervosismo dos investidores em
relação ao Brasil ganha força e o
BC foi obrigado a realizar, em um
único dia (28/10), sete leilões de
dólares, a vender títulos cambiais e
a reduzir a zero a remuneração dos
depósitos em dólares que os bancos são obrigados a fazer.
Dois dias após a forte intervenção no mercado, a instituição promove o choque dos juros, elevando as taxas básicas da economia.
Além disso, o Tesouro Nacional
é forçado a lançar títulos com prazo de vencimento mais curto, de 81
dias. Os investidores estavam relutantes em adquirir títulos com
prazo mais longo.
Com a insistente saída de dólares
do país mesmo após o choque dos
juros, o governo edita um pacote
de 51 medidas para cortar gastos e
aumentar a arrecadação, no valor
de US$ 20 bilhões.
O BC também reduz os prazos
mínimos para captação e renovação de empréstimos externos, o
que é bem aceito pelas instituições
financeiras. O governo ainda permite empresas a recomprarem até
10% de suas ações em circulação (o
limite era 15%). Por último, o governo editou medida provisória
com novas regras para o IR.
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